A Árvore da Vida: adoração ou repulsa

De em setembro 19, 2011

Sra. O'Brien (Jessica Chastain) e os três filhos em momentos alegres

Antes de decidir-me assistir ao filme de Terrence Malick, A Árvore da Vida, ouvi comentários desfavoráveis e outros enaltecendo-o, como obra-prima. Na dúvida, resolvi pagar para ver! E não me arrependi: o filme retrata uma típica família norte-americana dos anos 50 — pai, mãe e três garotos —, num quadro de felicidade e harmonia. Mas por trás desse ambiente familiar tranquilo, havia opressão e tristeza. O chefe da casa O’Brien, vivido por Brad Pitt, é um ex-militar e músico frustrado que impõe um severo regime disciplinar tanto para os garotos como para a suave e delicada senhora, interpretada por Jessica Chastain. No entanto, um terrível incidente, a morte do caçula, desestrutura por completo a vida emocional daquela família.

O austero O'Brien (Brad Pitt) com o filho caçula

Dito assim até parece que o filme é de uma narrativa linear e orgânica. Nada disso. De maneira aleatória e sem seguir qualquer ordem cronológica, Malick vai contando a saga dos O’Brien relacionando-a com a história do mundo, desde a criação com o Big Bang, passando pelos bucólicos anos 50, no Estado do Texas, indo para a atualidade (os arranhacéus  de hoje das grandes cidades norte-americanas) e voltando para o início dos tempos.
Com forte teor religioso, em que Deus é venerado e questionado — muito em função da morte do ente querido e de injustiças—, o diretor faz uso e efeitos especiais (foi supervisionado por Douglas Trumbull de 2001- A Odisseia do Espaço) para retratar a origem do mundo e magnitude do universo em contraposição à nossa pequenez como seres humanos, representados pela família O’Brien. Outro destaque é para a fotografia deslumbrante (a cargo do diretor de fotografia Emmanuel Lubezki ), que enfatiza essa polarização.
O ponto de vista do filme é do filho mais velho do casal, Jack, que na atualidade é interpretado por Sean Penn e que nos anos 50 é interpretado com brilhantismo por  McCracken.

No deserto, Jack O'Brien (Sean Penn) faz um resgate emocional

Como resgate emocional de todos da família, Jack adulto resolve dar ouvido aos seus devaneios e fantasias da infância e vai em busca de sua verdade. As cenas em que ele, num deserto, revê a todos os personagens de sua vida — a amorosa mãe, o pai que ele ama e odeia na mesma medida, os irmãos companheiros de vida, os avós, os tios e toda a humanidade que perpassam por ele — são delicadas e de uma emoção ao extremo. Do deserto físico e emocional em que se encontra, Jack ao rever a todos já está numa linda praia, num pôr do sol encantador. Uma verdadeira celebração à vida. Só por esse desfecho vale o ingresso. As idas e vindas da trama e as longas e repetitivas tomadas do universo cansam um pouco (tanto que algumas pessoas deixam a sala de exibição). Porém, a beleza e a profundidade filosófica do roteiro superam qualquer cansaço.

Fotos: Divulgação


6 Comentários

Laula Fuentes

setembro 29, 2011 @ 10:20

Resposta

Ouvi tantas opiniões desencontradas, que até agora não tinha me animado a assistir. Mas agora com teu comentário, sinto-me provocada a assistir. Viu só? Melone é forte indicação! rs Beijão,querido

Maurício Mellone

setembro 29, 2011 @ 14:09

Resposta

Laura:
Acho q vc pode gostar; vá e depois me conte!
Bjs, querida!

edianez

setembro 21, 2011 @ 13:47

Resposta

Tanta gente falou mal desse filme no Facebook….. E tanta gente falou tão bem de Meia -noite em Paris, que eu achei uma bomba! Então, acho que vou Curtir esta árvore. Gostei de sua resenha, me incentivou a ver. Adoro o Mallick, acho Alem da Linha Vermelha, também dele, um dos melhores filmes de guerra, ever! Bj

Maurício Mellone

setembro 21, 2011 @ 14:25

Resposta

Edianez:
querida, q prazer receber sua visita! Tenho saudade
do nosso contato, que foi diário e de muito carinho e respeito durante
um tempo importante da minha carreira!
Acredito q vc vai se emocionar com o filme do Malick, que traz mistérios
que dependem da percepção aguda do espectador para serem
desvendados.
Bjs saudosos

Wagner

setembro 20, 2011 @ 07:32

Resposta

Belíssima resenha, Mauricio Seu texto leva a reflexões e entendimentos em relação a coisas que talvez me tenham passado despercebidos no filme. Concordo também que as cenas do início da vida no planeta são um tanto repetitivas. Além disso, senti falta de ver um Brad Pitt ou Sean Penn mais atuantes e falastrões (acho que estou mal acostumado). Mas, no geral, gostei do filme e não saí da sessão antes do último nome subir pela tela.
bj
Wagner

Maurício Mellone

setembro 20, 2011 @ 14:28

Resposta

Wagner:
Obrigado pelos elogios!
O filme é de poucos diálogos mesmo, as imagens são bem valorizadas.
Fiquei com receio de escrever, pois o roteiro é profundo, com argumentos
e filosofia muito bem concatenados. Fico feliz q vc tenha gostado do q escrevi.
Aqui não tenho a pretensão de fazer crítica, mas resenha como um indicativo
aos leitores. E é bom q vcs estão gostando dos meus toques, vale como incentivo!
obrigado
bjs

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