Adèle Haenel interpreta uma doutora que fica obcecada por descobrir a história de uma menina encontrada morta

Em A Garota Desconhecida, novo filme dos irmãos belgas Luc Dardenne e Jean-Pierre Dardenne — vencedores do Festival de Cannes por Rosetta/99 e A Criança/05 — o foco central é para o desempenho da médica Jenny, interpretada brilhantemente por Adèle Haenel. Ela não só assumiu o modesto consultório de seu orientador como presta atendimento em domicílio aos pacientes. No entanto, um dia, após o horário de fechamento do consultório, uma pessoa toca a campainha e ela não permite que o estagiário Julien (Olivier Bonnaud) abra a porta. Na manhã seguinte, Jenny recebe a visita de dois investigadores policiais, que informam da morte de uma garota bem perto do consultório; eles querem as imagens da câmera de segurança do consultório. O resultado da análise deixa a médica abalada: a vítima foi a pessoa que tocou a campainha na noite anterior e ela não atendeu. Sentindo-se culpada, Jenny não sossega até saber o desfecho do crime.

Adèle e Olivier Bonnaud vivem a médica e o estagiário

O filme começa com Jenny orientando Julien por meio do exame de um paciente e o espectador conhece o cotidiano do consultório. Depois de um dia de intensa atividade e uma hora depois de já ter fechado o consultório é que a campainha toca e a médica resolve não abrir a porta. No outro dia é que Jenny fica sabendo da morte da garota, uma adolescente negra, que nem sequer fora identificada. Para tentar se redimir, a médica resolve investigar a vida da garota para poder lhe proporcionar um enterro digno. A trama a partir daí ganha um viés policial, com Jenny aliando seu trabalho à árdua tarefa de investigação do crime. E é justamente durante um diagnóstico de um paciente, o adolescente Bryan (Louka Minnella), que ela começa a ter pistas concretas do que aconteceu com a garota encontrada morta. Mostrando-se mais eficiente que a própria polícia e mesmo sofrendo ameaças, a médica consegue chegar à verdade.

Atriz tem ótimo desempenho

Mais do que o desfecho do crime, o roteiro (também assinado pelos irmãos Dardenne) enfatiza o procedimento acolhedor e humanitário da médica junto a seus pacientes. Há cenas emocionantes tanto do trabalho de Jenny como do reconhecimento dos pacientes aos cuidados dela — o garoto que compõe uma música em homenagem à médica comove a todos.

Imperdível; pena que o filme está em exibição em poucas salas e só algumas sessões.

Fotos: divulgação