Filme: A Passageira, foto 1

A Passageira: filme peruano revela marcas deixadas pela ditadura

De em outubro 11, 2016

Filme: A Passageira, foto 1

Damián Alcázar vive o taxista Magallanes, que tem o passado reavivado quando uma passageira entra em seu carro

Premiado em festivais de cinema de Cuba, Peru e Uruguai, A Passageira, do diretor peruano Salvador del Solar, traz as marcas deixadas pela ditadura militar na vida das pessoas que, de uma forma ou de outra, sofreram com a opressão e a violência no período de exceção. Infelizmente não só no Peru, mas em diversos países da América do Sul — incluindo o Brasil — os militares assumiram o poder pela força durante as décadas de 1960,1970 e 1980 e as consequências foram desastrosas para muitas das vítimas.
No entanto, o interessante é que o filme, uma coprodução Peru, Argentina e Espanha, não mostra cenas do horror promovidas pelos militares naquela época; a trama se passa nos dias de hoje por meio da vida do taxista Magallanes, papel de Damián Alcázar, que um dia recebe como passageira a cabeleireira Celina, interpretada por Magaly Solier. Ela não o reconhece, mas o taxista fica perturbado, pois o passado que ambos tiveram vêm à tona e ele quer de toda a forma se redimir diante da garota.

Filme: A Passageira, foto 2

Celina (Magaly Solier) corta os cabelos e a barba de Magallanes (Damián)

Com roteiro assinado pelo próprio diretor, a história começa com Magallanes percorrendo as ruas de Lima em busca de passageiros e quem entra em seu automóvel é Celina, que está atrasada para um evento. Ele tenta se esquivar e não mostrar o rosto para a moça, que nem desconfia dele. Mas ao deixá-la, Magallanes fica atormentado com as lembranças do passado e resolve investigar a vida de Celina. Fica sabendo que a garota passa por problemas financeiros, ela precisa saldar a dívida com agiotas, mas seu salão de beleza não está rendendo o bastante. O taxista, então, vai remexer em seu velho baú e descobre uma foto que poderá render um bom dinheiro para a cabeleireira.
De maneira muito bem articulada, o roteiro vai revelando aos poucos o passado que envolve tanto Celina, como Magallanes e o coronel (Federico Luppi), que hoje está desmemoriado, mas sua família vive muito bem, principalmente seu filho, um bem-sucedido advogado (Christian Meier). Magallanes, com a ajuda de um antigo companheiro do exército, cria uma intrincada operação para obter dinheiro da família do coronel, que irá ajudar Celina. Entretanto, ao descobrir a identidade de Magallanes e rememorar todo seu passado de sofrimento, Celina recusa a ajuda e prefere manter inalterados seus princípios de vida.

Filme: A Passageira, foto 3

Cartaz do filme de Salvador del Solar

 

 

 

O diretor, por meio do drama da cabeleireira, discute questões fundamentais, como ética, perdão, arrependimento, culpa, ressentimentos e mágoa. História envolvente, com uma bela fotografia (destaque para a cena em que Celina acorda de um pesadelo e corre pelo bairro, tendo a capital peruana como fundo). A interpretação de Damián Alacázar, Magaly Solier e Federico Luppi também merece destaque.

 

 

 

Fotos: divulgação


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