Peça: A Tartaruga de Darwin, foto 1

A Tartaruga de Darwin: fábula faz crítica à existência humana na Terra

De em dezembro 7, 2017

Peça: A Tartaruga de Darwin, foto 1

Elenco: Ana Cecília Costa, Diego Machado, Tuna Dwek e Marcos Suchara

A temporada teatral paulistana 2017 está chegando ao fim, mas ainda dá tempo para assistir a grandes espetáculos. Até o dia 17, no SESC Ipiranga, você não pode perder A Tartaruga de Darwin, comédia do dramaturgo espanhol Juan Mayorga, que, por meio dos recursos da fábula, provoca uma reflexão crítica e irônica da trajetória humana sobre o planeta Terra.
Com direção de Mika Lins, a montagem narra a vida da centenária tartaruga
Henriqueta, interpretada por Ana Cecília Costa, que foi objeto de pesquisa do cientista inglês Charles Darwin e evoluiu, tornando-se uma velha senhora. Prestes a completar 200 anos, Henriqueta testemunha os grandes acontecimentos da humanidade — como a revolução industrial, a eclosão de duas guerras mundiais, o surgimento do comunismo e depois seu fracasso com o queda do muro de Berlim — e quer voltar para seu habitat, as Ilhas de Galápagos, onde Darwin a encontrou, pois está desiludida com o Homem.

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Ana Cecília é a tartaruga Henriqueta e Suchara o historiador

Ana Cecília pela segunda vez produz e atua em peças de Mayorga (participou ao lado de Marco Antônio Pâmio em 2015 da montagem de A Língua em Pedaços, que voltou a ser encenada até o último dia 9, agora com Joca Andreazza). Se da primeira oportunidade ela vivia Tereza d’Ávila que questionava dogmas da igreja católica, agora a atriz dá vida à tartaruga que se transforma numa mulher e, com ironia, faz duras críticas ao modo como a humanidade vem se conduzindo. Henriqueta deseja morrer em sua terra natal e para isso precisa de ajuda; ela procura um historiador, vivido por Marcos Suchara, e propõe um acordo: pode contar tudo o que viu e presenciou em troca da viagem de volta. Ele no início acha que ela é louca, mas depois que Henriqueta contesta dados que ele escreveu em sua última obra, o professor aceita ouvi-la. Logo se convence de que Henriqueta é mesmo uma das tartarugas de Darwin e passa a anotar tudo o que ela lhe conta — um olhar bem específico, já que é do chão que ela observa o mundo. Henriqueta passa a morar na casa do professor e a mulher dele, interpretada por Tuna Dwek, sente um misto de ciúme e atração pela senhora. O complicador da trama surge quando Henriqueta passa mal e é levada ao hospital: o médico (Diego Machado) desconfia e o professor acaba confessando a verdade sobre o passado daquela paciente. Ambos começam uma guerra particular pela atenção de Henriqueta, que percebe estar sendo usada por todos e resolve se vingar.

“A vaidade do professor intelectual, a arrogância do médico, a esperteza da mulher do historiador, a incrível capacidade de Henriqueta de observar os humanos e ir se adaptando. A essa crítica humorada de Mayorga buscamos incluir também os artistas e lançar um olhar sobre nós mesmos. A montagem trouxe a oportunidade de rirmos um pouco de nós e de nossas escolhas”, diz Mika Lins.

Por meio do humor e da fábula, o texto de Mayorga provoca no espectador uma reflexão sobre como estamos conduzindo nossa existência no planeta. Sem ser didática ou exagerar com teses, a peça envolve o público que se diverte com tiradas hilárias (Tuna Dwek tem a chance de mostrar toda a sua versatilidade e verve cômica). Com poucos elementos cênicos (destaque para a poltrona que parece um casco de tartaruga), a montagem de Mika dá ênfase tanto ao texto, que mescla com inteligência humor e crítica social, quanto à interpretação; os atores estão seguros e transmitem a alegria pela produção do espetáculo. Programem-se, somente mais dois finais de semana. Tomara que volte em janeiro aos palcos da cidade.

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Tuna Dwek vive Beth, que também quer explorar Henriqueta

Roteiro:
A Tartaruga de Darwin. Texto: Juan Mayorga. Tradução: Ana Cecília Costa e Mika Lins. Direção: Mika Lins. Elenco: Ana Cecília Costa, Marcos Suchara, Tuna Dwek e Diego Machado. Assistente de direção: Daniel Mazzarolo. Cenário e figurino: Cássio Brasil. Iluminação: Wagner Antonio. Trilha sonora: Daniel Maia. Fotografia: Edson Kumasaka. Direção de produção: Dani Angelotti. Realização SESC Ipiranga.
Serviço:
Sesc Ipiranga (200 lugares),Rua Bom Pastor, 822, tel.11 3340.2000. Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 18h. Ingressos: R$ 30 R$ 15 (aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor da escola pública) e R$ 9 (trabalhador do comércio de bens, serviços). Bilheteria: de terça a sexta das 12h às 21h, sábado das 10h às 21h30 e domingo e feriado das 10h às 18h. Duração: 80 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 17 de Dezembro.


2 Comentários

Job Menezes de Souza Junior

dezembro 11, 2017 @ 23:49

Resposta

A peça é muito ruim. Não tem ritmo, a adaptação ou o texto não são bons.

Maurício Mellone

dezembro 12, 2017 @ 14:20

Resposta

Job,
respeito sua opinião
mas não concordo. Um texto crítico da ação do Homem
sobre a Terra.
Interpretações impecáveis.
abr

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