Peça: Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo, foto 1

Alice retrato de mulher que cozinha ao fundo: solo sobre 2 escritoras

De em agosto 15, 2016

Peça: Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo, foto 1

Nicole Cordery protagoniza o monólogo que recria a vida de Gertrude Stein e Alice B. Toklas

A frase dita várias vezes no espetáculo define muito a proposta do trabalho:
Talvez ninguém jamais consiga uma história completa de alguma pessoa”.
No monólogo Alice, retrato de mulher que cozinha ao fundo, que acabou de estrear no Espaço Beta do SESC Consolação, as três mulheres envolvidas na produção — a dramaturga Marina Corazza, a diretora Malú Bazán e a atriz Nicole Cordey — se propõem a fazer um painel da vida do casal de escritoras norte-americanas Gertrude Stein e Alice B. Toklas, que se conhecerem em Paris, na França, em 1910 e viveram juntas por mais de três décadas.  Como um mosaico ou um caleidoscópio, a peça procura mostrar não só a personagem central, Alice Toklas, desde sua chegada à Europa, sua aproximação com Gertrude, a vida que elas tinham na Paris da época, como também os 21 anos em que Alice viveu após a morte de Gertrude.

“Com uma dramaturgia fragmentada e dissonante, tal qual a literatura de Gertrude Stein, a peça lança um olhar em perspectiva sobre a relação entre elas na efervescente Paris do início do sáculo XX. Utilizamos o livro A autobiografia de Alice B.Toklas, em que Gertrude usou o recurso inédito de escrever uma ‘autobiografia’ na voz de outra pessoa e o material sobre Alice Toklas do professor Leon Katz, que nos enviou e nos autorizou a fazer uso para a composição da peça”, conta a atriz Nicole Cordery.

Peça: Alice, rerato de mulher que cozinha ao fundo, foto 2

Nicole é dirigida pro Malú Bazán

Com escassos recursos cênicos (praticamente uma grande poltrona), no espaço aconchegante da sala de espetáculo e uma iluminação precisa de Nelson Ferreira, Nicole vai construindo o grande painel sobre a vida das duas escritoras. De forma poética e com algumas pitadas de humor (incluindo algumas receitas do famoso livro de culinária de Alice Toklas), a atriz logo conquista a plateia, que torna sua cúmplice na construção da narrativa.
Mesmo que o espectador tenha pouca informação sobre a vida das duas escritoras — recomendo a leitura da linha do tempo contida no programa da peça —, o solo dá conta de apresentar tanto um perfil de Alice Toklas e Gertrude Stein, como o contexto histórico em que elas viveram. Aqui vale ressaltar a frase repetida na peça e transcrita no início da resenha (a dificuldade de se retratar a história completa de uma pessoa).
Além da profunda pesquisa para se criar a trama e o sensível trabalho de direção, o grande destaque do espetáculo é para a atuação de Nicole Cordery, que com delicadeza e poesia constrói estas importantes figuras do mundo cultural das primeiras décadas do século passado.
Programe-se, a peça é apresentada somente segunda e terça, até o final deste mês.

Fotos: João Caldas Fº

 


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