Peça: Nossa-Cidade, foto 1

Antunes Filho reconstrói “Nossa Cidade”, peça de Thornton Wilder

De em outubro 8, 2013

Peça: Nossa-Cidade, foto 1

Família Webb vivida por Mateus Carrieri, Luiza Lemmertz, Fagundes Emanuel e Sheila Faermann

Em noite concorrida na última sexta-feira, estreou no Teatro Anchieta/SESC Consolação  o que o diretor Antunes Filho chama de reconstrução da peça do norte-americano Thornton Wilder, Nossa Cidade. A trama retrata o dia-a-dia de uma pequena cidade americana , Grover’s Corners, no início do século XX, com destaque para o cotidiano de duas famílias locais, os Gibbs e os Webb.
Com cenografia bem reduzida, a montagem de Antunes Filho dá ênfase não só à trama de Wilder como à história dos Estados Unidos  e suas interferências (até bélicas) pelo mundo. Daí o termo ‘reconstrução’ da peça original.

Peça: Nossa Cidade, foto 2

Família Gibbs: Naiene Sanchez (mãe), Gui Martelli (pai) e os filhos Ediana Souza e Lucas Rodrigues

A estrutura de Nossa Cidade é uma peça dentro de outra peça. Em cena estão 16 atores e tudo começa com a chegada do diretor de cena, interpretado por Leonardo Ventura, que é trazido numa cadeira de rodas e que relata como tudo irá acontecer. Além de descrever a cidade de Grover’s Corners, ele diz como vive a população local.

 

“Eu desejava registrar a vida de uma cidade no palco, com realismo e com generosidade. A escrita da peça brotou de uma profunda admiração por pequenas cidades brancas nas colinas e de uma profunda devoção ao teatro,” escreveu Thornton Wilder no prefácio da edição americana da peça.

Para exemplificar o modo de vida local, o autor mostra o cotidiano de duas famílias, os Gibbs e os Webb. O diretor de cena (sempre no palco) introduz a situação e os atores dão prosseguimento à ação. As passagens de tempo na vida dos personagens assim como a história dos Estados Unidos e suas interferências pelo mundo são relatadas também pelo diretor.

 

“É uma pequena peça contendo todos os grandes assuntos; é uma grande peça com todas as pequenas coisas da vida amavelmente gravadas em si”, esta a definição de Wilder para a sua obra.

Peça: Nossa Cidade, foto 3

Amigas do coral da igreja, interpretadas por Luiza, Naiene e Amanda Mantovani

O que mais me chamou a atenção em Nossa Cidade foi a maneira de falar da morte: ao final da trama, em cadeiras brancas, alguns personagens estão imóveis e calados; só se comunicam com a chegada de Emily Webb (Sheila Faermann), que acabara de morrer. Ela está inconformada e eles tentam consolá-la. As cenas do cemitério sintetizam a proposta dramática do espetáculo.
Mais um trabalho significativo de Antunes Filho à frente do Grupo Macunaíma, do CPT, Centro de Pesquisa Teatral do SESC Consolação. O programa da peça merece destaque também: é um pequeno livro de 128 páginas, com registro de toda a montagem, além de fotos, ficha técnica, trechos da peça, depoimentos do autor e trechos de ensaios e poemas lidos durante a montagem.

 Fotos: Emidio Luisi


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