Peça: Balada dos Enclausurados, foto 1

Balada dos Enclausurados: 2 solos de Erica Montanheiro e Eric Lenate

De em agosto 8, 2019

Peça: Balada dos Enclausurados, foto 1

Erica Montanheiro e Eric Lenate: autores, idealizadores, diretores e atuam no projeto

Uma mulher, um homem, dois artistas que inspiram outra mulher e outro homem, também artistas, a realizarem um projeto teatral ousado e de grande impacto, que discute a loucura, o abandono, o isolamento, a vida e a morte. Este é o resumo de Balada dos Enclausurados, em cartaz no Teatro do Núcleo Experimental, que reúne dois solos: o primeiro Inventário, texto e atuação de Erica Montanheiro com direção de Eric Lenate, inspirado na escultora francesa Camille Cladel que viveu 30 anos internada num hospital psiquiátrico, morrendo de inanição aos 79 anos, em 1943. Já o segundo monólogo, Testemunho Líquido — dirigido por Erica e com Eric interpretando o próprio texto — é baseado na vida do bailarino russo Vaslav Nijinski, que revolucionou o balé no século XX, mas também passou por várias clínicas psiquiátricas durante três décadas, morrendo aos 61 anos numa clínica de Londres em 1950.

O público pode assistir aos dois espetáculos no mesmo dia ou cada um deles em dias diferentes. O que une os dois solos é a provocante arquitetura cênica, assinada por Kleber Montanheiro em parceria com os dois atores: é uma instalação em que o espectador é conduzido por um corretor, passa por várias salas que remetem a tratamentos psiquiátricos até chegar ao ambiente final em que os solos são apresentados.


Peça: Balada dos Enclausurados, foto 2

Erica em Inventário, sobre Camille Cladel

 

Em Inventário, o público chega e já encontra uma senhora reclusa, que fala consigo mesma, rememora momentos da vida e se prepara para deixar aquele lugar. Aos poucos o espectador percebe que esta partida é na verdade a morte, ela se prepara para morrer, mas antes faz uma espécie de inventário da própria vida e reflete sobre o legado que deixará ao mundo. Alguns fatos da vida de Camille Cladel são mencionados, como o abandono que sofreu da família (após a morte do pai, ela foi internada e a mãe e a irmã nunca a visitaram), a condição de ter sido julgada como desajustada e sua lucidez para criar as esculturas.

 

 

 

“A peça da Erica é um manifesto autoral que ecoa o coro de luta do verdadeiro lugar da mulher na sociedade, o da igualdade total perante a vida e a liberdade para decidir sobre seu destino e legado”, atesta Eric Lenate.

 

Peça: Balada dos Enclausurados, foto 3

Lenate em Testemunho Líquido sobre Nijinski


Testemunho Líquido
Depois de percorrer o mesmo corredor, desta vez o espectador chega a um quarto de hospital em que o paciente foi submetido à terapia de eletrochoque. Já calmo, mas observado por médicos e com camisa de força, ele começa sua divagação; como se estivesse falando com alguém, tenta entender o que acontece a seu redor e faz, com ironia, indagações sobre o sentido da vida, a loucura, o isolamento e, principalmente, sobre a morte. Depois de novo surto psicótico e a interferência médica, ele dança e a coreografia se remete às criações do bailarino e coreógrafo Nijinki, considerado o deus da dança, mesmo com tão pouco tempo de carreira (deixou os palcos aos 30 anos).

 

 

 

“O texto de Lenate é repleto de humor ácido, que expõe as contradições daquela figura diante da sua condição de semimorto. E é um artista vivendo e transformando dor em arte, sublimando a morte para contar histórias. A loucura contida nesta figura é a mais perfeita lucidez. E nem por isso deixa de ser triste e amoroso”, esclarece Erica Montanheiro.

 

 

 

O grande destaque de Balada dos Enclausurados é para Erica e Eric, que além de serem os autores e idealizadores do projeto, assinam a direção e têm, ambos, interpretações marcantes. A cenografia de Kleber Montanheiro tem importância vital, já que introduz o público desde o saguão do teatro para dentro daquele ambiente de clausura. Destaque ainda para figurino e visagismo de Carol Badra e Leopoldo Pacheco, iluminação de Aline Santini e a trilha de L.P.Daniel e Luísa Gouvêa. Imperdível, programe-se já que a temporada vai só até o início de setembro.

 

Peça: Balada dos Enclausurados, foto 4Roteiro:
Balada dos Enclausurados
Inventário
. Texto e atuação: Erica Montanheiro. Direção: Eric Lenate. Assistência de direção: Mateus Monteiro.
Testemunho Líquido. Texto e atuação: Eric Lenate. Direção: Erica Montanheiro. Assistência de direção: Larissa Matheus.
Arquitetura cênica e experiência imersiva: Kleber Montanheiro, Erica Montanheiro e Eric Lenate. Trilha sonora original: L.P. Daniel e Luísa Gouvêa. Figurino e visagismo: Carol Badra e Leopoldo Pacheco. Iluminação: Aline Santini. Design gráfico e direção audiovisual: Laerte Késsimos. Fotografia e vídeo: Leekyung Kim. Direção de Produção: Leonardo Devitto. Realização: Lolita & La Grange Produções Artísticas.
Serviço:
Teatro do Núcleo Experimental (40 lugares), Rua Barra Funda, 637, tel. 113259-0898. Horários: sexta, sábado e segunda às 19h e 21h; domingo às 18h e 20h. Ingressos (para cada peça): R$ 20 e R$ 10 (o público pode assistir os dois espetáculos no mesmo dia ou em dias diferentes). Duração: 60 min (Inventário) e 75 min (Testemunho). Classificação: 14 anos. Temporada: até 02 de setembro.


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