Peça: Casa Submersa, foto 1

Casa Submersa: peça da Velha Companhia fecha trilogia de Kiko Marques

De em setembro 13, 2019

Peça: Casa Submersa, foto 1

Kiko Marques assina o texto e a direção, além de integrar o elenco da peça

O ator, diretor e dramaturgo Kiko Marques diz que seu novo trabalho, Casa Submersa, em cartaz no Espaço Cênico do SESC Pompeia , é fruto de um sonho que ele teve: estava num rio do norte do país ou num lago artificial em Brasília e sabia que precisava mergulhar para encontrar uma casa que estava no fundo. A história desta casa precisava ser contada, a saga da família desta casa — comum a de tantas famílias deste nosso país tão violento — precisava vir à tona.

Partindo deste mote e usando do método de trabalho da Velha Companhia (estudo e leituras, palestras e muito ensaio com toda a equipe) é que surgiu a nova produção, em que uma bióloga marinha, depois de surtos e apagões de memória, começa a fazer mergulhos e, em estado de apneia (mergulho livre, sem aparelhos), deixa fluir seu inconsciente, vindo à tona sua verdadeira história pessoal, recheada de violência e abandono.

Peça: Casa Submersa, foto 2

Leonardo Fernandes é o escafandrista e Virgínia Buckowski, Maíra, a bióloga marinha

Ao entrar, os espectadores ficam sentados diante de uma grande parede de azulejos, parece o interior de uma piscina. Nada mais adequado, já que a bióloga Maíra, vivida por Virgínia Buckowski, trabalha num aquário. A estrutura da montagem é dividida em três partes, representando os três níveis de apneia no mergulho: na primeira Maíra está com os amigos do trabalho que prepararam uma festa surpresa de seu aniversário. Nesta fase ela já apresenta apagões de memória e é encaminhada ao psiquiatra (Rodrigo Vellozo).

 

Na segunda fase, sempre com a ajuda do escafandrista (Leonardo Fernandes), Maíra realiza mergulhos para dentro de seu interior e visita a sua casa familiar submersa em seu inconsciente. Neste momento sua verdadeira história familiar é revisitada: o que ela apagou da memória vem à tona, como sua relação com os irmãos e com a mãe (Juliana Sanches), seu abandono e, principalmente, o assassinato do pai (Valmir Sant’Anna), que descobriu uma rede de crimes de poderosos locais.

Já a terceira etapa, ciente de seu passado e de sua história, Maíra se envolve emocionalmente com o algoz de sua família, interpretado por Kiko Marques, e executa sua vingança. Dito desta forma parece que a trama é linear. Mas a saga de Maíra é descoberta de forma aleatória e o espectador vai montando o grande quebra cabeças da história dela, que pode ser entendida como a metáfora da história de um país violento como o Brasil.

“O dramaturgo Kiko Marque e os artistas da Velha Companhia empreendem um mergulho poético e audaz pelas histórias submersas de um país cada vez mais atormentado pelas políticas de morte e pelos fantasmas de seus desaparecidos e assassinados. Perdemos o fôlego: o que pode, então, um corpo? E o que fica de um corpo, de nosso próprio corpo?”, indaga Maria Fernanda Vomero, pedagoga teatral e provocadora cênica.

 

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Montagem de grande impacto conta com 14 atores em cena


Casa Submersa
fecha a trilogia das águas de Kiko Marques: se em Cais ou da indiferença das embarcações a trama mostrava a saga de um povoado de uma ilha e em Sinthia a história das águas paradas e turvas do autoritarismo, desta vez o autor remexe nas águas do inconsciente de um país.

Sem dúvida uma montagem impactante, com os elementos cênicos — cenografia, iluminação, trilha sonora e videografismo — muito bem conectados para o fluir narrativo. A interpretação coesa dos 14 atores é o ápice do espetáculo, com destaque para Virgínia Buckowski, Juliana Sanches, Valmir Sant’Anna, Leonardo Fernandes e Marcelo Diaz. Não perca, últimas apresentações. Que venham outras temporadas.

 

 

 

Roteiro:
Casa Submersa
. Texto e direção: Kiko Marques. Assistente de direção: Mateus Menezes. Elenco: Adriana Dham, Alejandra Sampaio, Ana Negraes, Bruno Menegatti, Kiko Marques, Leonardo Fernandes, Marcelo Diaz, Marcelo Marothy, Patricia Gordo, Rodrigo Vellozo, Sandra Nanayna, Valmir Sant’Anna, Virgínia Buckowski e Willians Mezzacapa. Cenografia e iluminação: Marisa Bentivegna. Figurinos: João Pimenta. Trilha sonora original/direção musical: Bruno Menegatti. Videografismo: André Grynwask e Pri Argoud. Produção executiva: Marcela Büll. Designer gráfico:Fabricio Santos. Fotografia: Nelson Kao. Idealização do projeto: Velha Companhia
Serviço:
SESC Pompeia, Espaço Cênico(50 lugares), Rua Clélia, 93, tel.: 11 3871-7700. Horários: de quinta a sábado às 20h e domingo às 18h. Ingressos: Ingressos:R$ 20, R$ 10 e R$ 6. Bilheteria: de terça a sábado das 9h às 21h; domingos e feriado das 9h às 18h. Duração: 160 min (15 min de intervalo). Classificação: 14 anos. Temporada: até 22 de setembro.

 


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