CataDores, fábula de dois palhaços que provoca reflexão

De em setembro 13, 2011

Jairo Mattos e Paulo Gorgulho como palhaços e ao fundo o maestro Marcello Amalfi

Até 9 de outubro o Teatro Eva Herz traz de volta à cidade a fábula CataDores, da premiada dramaturga da nova geração, Cláudia Maria de Vasconcellos, com direção de Jairo Mattos, que divide o palco com Paulo Gorgulho e o maestro Marcello Amalfi, que não só compôs a trilha sonora como participa em cena como um músico ambulante que tem diversos instrumentos grudados ao corpo e pontua o espetáculo. Palhaços fazem rir, mas estes dois, mesmo maquiados e bem caracterizados, fazem o público refletir sobre a vida cotidiana e rotineira.
Desde a cena inicial a autora já dá o tom de sua fábula — que ela define como existencial para dois palhaços: o velho palhaço vivido por Paulo Gorgulho resolve extirpar as causas de suas dores, arrancando os calos, a corcunda, o bigode e troca os cabelos brancos por uma cabeleira negra. Vira um rapaz forte e bem disposto! Sua relação com o companheiro começa a modificar, mas eles continuam a caminhada, catando papéis pela vida.

Cenário, iluminação e comunicação visual: essenciais à peça

Num cenário que lembra o circo (eles giram em círculo enquanto trabalham/vivem), não só os atos são repetitivos, mas os sentimentos e os pensamentos. A rotina da vida é reproduzida em cena e é exatamente essa rotina que num determinado momento o velho/novo palhaço questiona o amigo. Viver é essa repetição de atos, pensamentos e sentimentos? O outro, interpretado por Jairo Mattos que também assina a direção da peça, fica sem resposta. Ou melhor: joga a questão para a plateia. Viver é essa repetição, essa rotina? Ser feliz é essa rotina de catar papel, cata (r) dor?
Muitos como eu, acredito, saem da sala de espetáculo com um oco, um vazio, uma sensação de incertezas diante da vida. Se palhaço tem o dom de alegrar, os palhaços de CataDores são engraçados, mas provocam muito mais o siso que o riso. Refletir sobre o sentido da vida é o que esses doces palhaços nos proporcionam. Interpretação sensível e tocante de Gorgulho e Mattos, com destaque ainda para o cenário de Aluísio Salles, a Iluminação de Ari Nago e a comunicação visual de Aline Abovsky que não funcionam como acessórios, mas como partes essenciais para a composição do espetáculo.

Fotos: Camila Caggiano

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