Peça: Comédias Furiosas, foto 1

Comédias Furiosas: peça de Leonardo Cortez entrelaça quatro histórias

De em junho 4, 2019

Peça: Comédias Furiosas, foto 1

Elenco: Daniel Dottori, Gláucia Libertini, Maurício de Barros e Leonardo Cortez

Contemplado com o Prêmio Zé Renato de Teatro para a cidade de São Paulo, o espetáculo Comédias Furiosas de Leonardo Cortez, em cartaz no Teatro Cacilda Becker, reúne quatro histórias independentes que se entrelaçam em um grande engarrafamento causado por um suposto suicídio.

As tramas, com desfechos trágicos, retratam o cotidiano atual, em que as pessoas, por mais que disponham de tecnologia avançada de comunicação, vivem carentes, isoladas em seus universos mentais e com dificuldade de comunicação — falam muito, mas não sabem ouvir o outro, seu interlocutor. Dirigido por Marcelo Lazzaratto, o elenco é formado por Daniel Dottori, Gláucia Libertini, Maurício de Barros e pelo autor Leonardo Cortez.

 

 

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Gláucia Libertini na pele da mulher presa no trânsito

Com o palco vazio, tendo ao fundo cinco torres portando telas de vídeo, a primeira história é a de uma mulher, profissional liberal vivida por Gláucia, que está presa no congestionamento e aproveita para falar e desabafar com o marido, que está no interior trabalhando. Ela reclama de estar só e ter de cumprir as tarefas domésticas enquanto ele está longe. Ao estilo das comédias em pé (stand up comedy), ela discorre sobre a vida e aos poucos confessa que precisa voltar pra casa, pois trouxe consigo as chaves da empregada. A outra situação é a de um publicitário (Barros) que, preso no mesmo engarrafamento, passa mal e resolve descer em frente ao edifício do amigo da agência (Dottori). Ele dispara seus impropérios, primeiramente sobre sua mulher e depois, num acesso de ciúme, sobre o amigo, acusando-o de ser o amante de sua esposa.

 

 

A terceira situação se passa num sítio, onde um artista plástico (Cortez) vive recluso e recebe a visita da irmã (Gláucia) e do secretário de cultura de uma cidadezinha (Dottori). O secretário diz que deseja comprar uma tela, mas na verdade sua intenção é outra e o atrito entre eles fica inevitável. Já a última história é sobre um cineasta (Barros) que acaba de receber um prêmio, mas é surpreendido com a visita de um amigo (Cortez), que exige coautoria no roteiro do filme premiado; o passado nebuloso deles é o estopim para uma discussão violenta, que acarreta no suposto suicídio, que por sua vez provocou o enorme congestionamento, sentido pelos personagens das outras histórias. Na medida em que as tramas evoluem, as telas do fundo do palco trazem cenas que complementam a narrativa. Assim o espectador vai montando o quebra cabeça daquele universo de personagens perturbados.

 

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Pintor recebe visita da irmã e do secretário

“Os personagens dão voz às suas angústias, frustrações, mágoas e descontentamentos. Para unir os universos de cada um, parti da ausência do entendimento e da comunicação num momento em que paradoxalmente estamos cada vez mais conectados. Nas mazelas humanas destes personagens é possível reconhecer o individualismo que aprisiona e a amargura que paralisa. No entanto, assumimos a arte como instrumento de luta e reafirmação da nossa força e do nosso potencial transformador nesses tempos furiosos”, argumenta Leonardo Cortez.

 

 

 

Por mais que a encenação tenha usado de forma criativa a mescla dos vídeos e da encenação ao vivo, senti falta de uma unidade entre as histórias. Entretanto, o talento dos atores compensa esta lacuna: as situações trágicas ficam cômicas graças à interpretação dos atores; destaque para a atuação de Gláucia Libertini para a hilária mulher presa no trânsito e para o meu xará, Maurício de Barros, que cria dois personagens opostos, ambos com muita verdade (a figura do cineasta de cabelos alaranjados é patética!). Destaque ainda para a iluminação, assinada pelo diretor, e pelos figurinos criativos de Márcio Araújo. Ingressos gratuitos, confira.

 

 

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Maurício de Barros em grande atuação

 

Roteiro:
Comédias Furiosas
. Texto: Leonardo Cortez. Direção, cenografia e iluminação: Marcelo Lazzaratto. Assistente de direção: Thaís Rossi. Elenco: Daniel Dottori, Gláucia Libertini, Leonardo Cortez e Maurício de Barros. Figurinos: Márcio Araújo. Trilha original: Dan Maia. Vídeos: Daniel Almeida. Fotos: João Caldas. Direção de Produção: Sonia Kavantan. Realização: Kavantan & Associados/Projetos e Eventos Culturais.
Serviço:
Teatro Cacilda Becker (198 lugares), Rua Tito, 295, tel. 11 3864-4513. Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos: gratuitos. Duração: 90 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 23 de junho.


2 Comentários

Dinah

junho 8, 2019 @ 17:16

Resposta

Maurício,
Curti sua resenha e, como me mandou o link pelo FB, respondi lá…

beijo

Maurício Mellone

junho 10, 2019 @ 15:40

Resposta

Dinah,
muito obrigado pela visita.
bjs

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