Deus da Carnificina: comédia corrosiva com interpretações brilhantes

De em maio 24, 2011

Deborah Evelyn, Paulo Betti, Julia Lemmertz e Orã Figueiredo na peça de Yasmina Reza

Os paulistanos só têm os dois próximos finais de semana para assistir à peça Deus da Carnificina, uma comédia sem juízo, que fica no Teatro Vivo até o próximo dia 5. E não podem perder tempo: a procura por ingressos está intensa!
E tanta procura tem sua razão: a comédia da argelina radicada na França Yasmina Reza é envolvente e disseca dois casais de classe média que marcam um encontro em razão da briga de seus filhos: um deles bateu com um pedaço de pau no outro, que teve dois dentes afetados. O agressor é filho dos personagens de Julia Lemmertz e Paulo Betti, que vão à residência do agredido, filho dos personagens vividos por Deborah Evelyn e Orã Figueiredo. No início, os quatro estão muito educados e civilizados: os anfitriões oferecem café, bolo e as visitas se mostram receptivas. No entanto, com o desenrolar da conversa e a tentativa de um acordo (os pais querem a reconciliação dos garotos), o verniz da civilidade se rompe e todos mostram a verdadeira personalidade. As discussões são acaloradas e violentas, tanto entre um casal e outro como entre os cônjuges. As máscaras caem e o público vê a verdadeira face de cada um deles. O café e bolo dão lugar ao conhaque e o grau etílico só ajuda as desavenças e discórdias.
A autora diz que a tensão é a matéria prima de sua obra: “Escrevo um teatro de tensões, pois elas nos governam. Meus personagens são pessoas educadas que pretendem manter a compostura. Mas como são também impulsivas, não conseguem manter as regras que impuseram a si mesmas. E é precisamente essa luta contra si mesmo que me interessa”, confessa Yasmina.
Com a alteração de comportamento dos personagens, o espectador tem a chance de analisar o mesmo problema de vários ângulos e fazer uma reavaliação daqueles casais. Com o cenário prático de Flavio Graff (uma bela mesa, com cadeiras e livros compõem a sala do casal anfitrião), o diretor Emílio Mello deu ênfase às nuances de interpretação e assim os atores têm espaço para criar. Julia emociona com a mãe protetora que vira uma leoa; Orã, depois que tira a máscara do personagem, revela o tosco comerciante e provoca ótimas gargalhadas. E o embate dos personagens de Deborah e Betti é hilário.

Foto: Guga Melgar


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