dizer e não pedir segredo

De em novembro 9, 2010

Ronaldo Serruya e Luiz Gustavo Jahjah

Para que a magia do teatro aconteça basta que haja o ator que irá contar uma história e alguém para ouvi-la. Este é o caminho mais simples e por isso mesmo talvez o mais difícil! No entanto, o que se vê hoje em dia é o uso, às vezes exagerado, da parafernália tecnológica existente para cenário, iluminação, trilha sonora e figurino. O essencial do teatro — o ator trocando energia diante da plateia— é posto de lado.
Mas em dizer e não pedir segredo, o simples é a tônica! Numa composição coletiva entre os atores e a direção do grupo Teatro Kunyn, a peça é o resultado de uma longa pesquisa cujo objetivo era refletir sobre a homossexualidade no Brasil, “de tentar entender o que seria a construção de uma identidade gay em paralelo à construção de uma identidade brasileira”, segundo Luiz Fernando Marques, que assina a direção. O livro Devassos no Paraíso – A homossexualidade no Brasil, da Colônia à Atualidade, de João Silvério Trevisan, foi o ponto de partida da montagem.
E o simples é levado ao pé da letra: tudo acontece numa sala de um apartamento, onde a plateia bem reduzida (20 pessoas) entra pelo elevador do edifício e ao chegar à sala, escolhe onde sentar e é convidada a pegar um dos adereços que servirá para que os atores (Luiz Gustavo Jahjah, Paulo Arcuri e Ronaldo Serruya) desenvolvam as histórias.
Além dessa forma inovadora e aconchegante (os atores recepcionam o público oferecendo água, refrigerante e guloseimas), quando é iniciado o espetáculo as histórias relatadas são impactantes. Como o objetivo é mostrar a vida gay no Brasil, desde o descobrimento até os nossos dias, os atores leem cartas reveladoras, como a famosa de Pero Vaz de Caminhas anunciando a terra “onde tudo o que se planta dá” e em que os habitantes viviam nus, até a carta emocionada do escritor Caio Fernando Abreu em que ele relata estar contaminado com o vírus HIV. Os relatos não seguem uma cronologia, os tempos ficam embaralhados com o objetivo de se ter um olhar sobre o desejo.

Paulo Arcuri

A cumplicidade da plateia é total, não só com a interação dos objetos de cena e figurino, mas principalmente com pequenos depoimentos que são dados numa cena emocionante: os atores amarram todas as histórias e perguntam como cada um vivia com o menino ou a menina que carregava nas costas aos 15, 18, 27, 34, 56 ou 81 anos! O programa da peça termina dizendo que os espectadores, ao escolher os assentos e adereços, compõem o ambiente de estar. “E assim, assumindo a responsabilidade por nossas escolhas, todos nós revelamos aquilo que somos. Nas nossas ricas diferenças”.
dizer e não pedir segredo estréia nessa sexta, dia 12 de novembro, na Rua Bela Cintra 619 – Apto 72 e a temporada se estende até 4 de dezembro, com apresentações sextas e sábados, sempre às 21h. Detalhe importante: o ingresso é gratuito e a lotação é de 20 pessoas, mas somente com reservas antecipadas (Reserva pelo tel. 8564. 4248).

Fotos: Adalberto Lima


10 Comentários

giovane

agosto 12, 2011 @ 19:08

Resposta

ola
gostaria de saber se ha classificação indicativa
obrigado

Maurício Mellone

agosto 15, 2011 @ 14:43

Resposta

Giovane:
Preciso de informações sobre a classificação, não tenho esse dado no momento.

giovane

agosto 17, 2011 @ 09:14

Resposta

ok, obrigado. vou tentar marcar um dia pra eu ir ver então. parece ser muito interessante

Maurício Mellone

agosto 17, 2011 @ 10:56

Resposta

Giovane:
Vá vc vai curtir; depois me conte sua opinião!
Abr

Hamilton

novembro 15, 2010 @ 11:35

Resposta

Môrrice:
O Fê havia me falado dessa peça e vamos tentar reservar prá próxima semana.

Maurício Mellone

novembro 16, 2010 @ 12:38

Resposta

Hamilton:
Vc vai gostar, a proposta do grupo é bem interessante.
Obrigado pela visita aqui e apareça sempre!
Bjs

Rico

novembro 9, 2010 @ 18:53

Resposta

Eh Maurício já to tão atrasado no roteiro de teatro e vc já me deu vontade de ver mais essa! rs
Gosto dessa coisa mais simples também, mesmo nos shows to cansado de ver gente dublar e pular corda no palco em vez de cantar de verdade. É legal até um certo ponto ver os efeitos todos mas o artista acaba perdendo identitidade mesmo no meio de tanta parafernália e programção. Valeu a dica! 🙂

Maurício Mellone

novembro 10, 2010 @ 12:22

Resposta

Rico:
Essa peça estreia nessa sexta e a temporada é curta.
O bom é o ingresso é gratuito, mas precisa reservar!
Tente se agendar! bjs

Demétrio Brocca

novembro 9, 2010 @ 17:09

Resposta

Olá Maurício!
Me parece que quanto mais simples, pior! Para quem tem pressa, para quem quer o mínimo de esforço, para quem pensa pequeno. Compor um clima para que a tônica seja o simples, é, no mínimo, desafiador. Até porque jamais imaginei uma identidade gay e outra brasileira. Pelo menos até então, não havia imaginado identidades diferentes para “nós”. Interessante a proposta. Vale a reflexão, vale assistir e discutir. Bom espetáculo!

Maurício Mellone

novembro 9, 2010 @ 18:14

Resposta

Dema:
Que delícia receber seu comentário!
A proposta do grupo é inovadora e cativante. Vale mesmo
assistir à peça, q estreia nessa sexta! Tive o privilégio
de estar na pre, para convidados!
bjs

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