Peça: Dogville, foto 1

Dogville: produção com 16 atores adapta filme de Lars Von Trier

De em fevereiro 27, 2019

Peça: Dogville, foto 1

Elenco: Mel Lisboa, Eric Lenate, Fábio Assunção, Bianca Byington, Rodrigo Caetano, Anna Toledo, Marcelo Villas Boas, Gustavo Trestini, Fernanda Thuran, Thalles Cabral, Chris Couto, Blota Filho, Munir Pedrosa, Selma Egrei, Fernanda Couto e Dudu Ejchel

Impossível sair da sala de espetáculo depois de assistir a Dogville, em cartaz no Teatro Porto Seguro, sem se questionar e refletir sobre as atitudes do ser humano. Se o filme do cineasta dinamarquês Lars vonTrier, lançado em 2003, causou grande impacto, esta primeira adaptação teatral, sob a direção de Zé Henrique de Paula,  vai no mesmo sentido, ou seja, provocar uma profunda reflexão sobre o Homem e as relações da sociedade contemporânea.

Tendo como ponto de partida a vida pacata dos moradores de um pequeno vilarejo do interior dos Estados Unidos, a trama disseca o comportamento destas pessoas a partir da chegada da forasteira Grace, papel de Mel Lisboa, que se propõe a ajudá-los por ter sido acolhida. No entanto, ela passa a ser explorada por todos e o lado sombrio de cada morador vem à tona. 

Peça: Dogville, foto 2

Tom (Rodrigo Caetano), o primeiro a recepcionar Grace (Mel), é observado pelo narrador (Lenate)

 

O impacto do filme é justamente a teatralidade que o diretor imprimiu para contar a história: com poucos elementos cênicos, as casas do vilarejo eram delimitadas por traços de giz no chão, a narrativa se dá pela atuação do elenco. Nesta adaptação teatral, a direção optou por mesclar as linguagens do teatro e do cinema: há telas que separam encenação, nas quais são projetadas tanto cenas já filmadas como cenas filmadas ao vivo durante a apresentação.
Mais do que retratar o modo simples daquele vilarejo localizado no topo de uma cadeia montanhosa, a trama revela a gama de sentimentos e as mais diversas reações das pessoas a partir do momento em que Grace começa a se relacionar com cada uma delas. Como a garota se mostra bondosa e receptiva em colaborar com todos, eles iniciam uma relação de exploração e abuso.

 

“A história gira em torno deste vilarejo, em que as pessoas vivem numa zona cinzenta, num eterno dia nublado, agarradas a seus conceitos morais. Grace chega e ilumina esta cidade e faz com que as pessoas comecem a ver as sombras das coisas. A peça e o filme lidam com esta questão: o que você faz com a própria sombra e o que você faz quando enxerga a sombra do outro. Como a gente lida com as nossas próprias imperfeições”, indaga o diretor Zé Henrique de Paula.

 

O cenário, além das telas, é praticamente restrito a 16 cadeiras, que representam os moradores do vilarejo. Assim como o filme, a peça dá ênfase à crítica social. De acordo com o produtor e idealizador do espetáculo, a história é muito próxima de cada um de nós:

 

“São situações reais, que colocam uma lente de aumento na alma do ser humano. A trama discute questões como xenofobia, intolerância e a máxima do sistema capitalista, que para se obter lucros é preciso explorar ao máximo o outro, por vezes de forma desumana”, argumenta Felipe Lima.

Peça: Dogville, foto 3

Mel e Lenate em grandes atuações

Além da dramaturgia contundente e reflexiva, Dogville se destaca pela uniformidade e sintonia em cena dos 16 atores. Eric Lenate, porém, tem a chance de mostrar toda a sua versatilidade ao viver dois personagens bem distintos, o narrador e o pai da forasteira. Destaque ainda para Mel Lisboa (que surpreende com a virada de sua personagem), Selma Egrei, Rodrigo Caetano, Bianca Byington, Thalles Cabral e Chris Couto. Produção afinada em que todos os componentes — cenário, visagismo, iluminação, trilha sonora e figurino — estão bem coordenados para o bom desempenho da encenação.  Temporada se estende só até o final de março, programe-se.

Roteiro:
Dogvelli
. Texto: Lars von Trier. Tradução: Davi Tápias. Direção: Zé Henrique de Paula. Elenco: Mel Lisboa, Eric Lenate, Fábio Assunção, Bianca Byington, Rodrigo Caetano, Anna Toledo, Marcelo Villas Boas, Gustavo Trestini, Fernanda Thuran, Thalles Cabral, Chris Couto, Blota Filho, Munir Pedrosa, Selma Egrei, Fernanda Couto e Dudu Ejchel. Preparação de elenco: Inês Aranha. Assistência de direção: Felipe Ramos. Cenário: Bruno Anselmo. Iluminação: Fran Barros. Figurino: João Pimenta. Visagismo: Wanderley Nunes. Trilha sonora original: Fernanda Maia. Produção musical: Leo Versolato. Produção executiva: Glaucia Fonseca e Dani D’Agostino. Direção audiovisual: Laerte Késsimos. Criação de vídeo mapping: Vj Alexandre Gozales. Fotografia: Ale Catan. Realização: Brisa Filmes e Sevenx Produções Artísticas.
Serviço:
Teatro Porto Seguro (496 lugares), Al. Barão de Piracicaba, 740, tel. 11 3226.7300. Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 19h. Ingressos: sexta R$ 80 e R$ 50; sábado e domingo R$ 90 e R$ 60. Bilheteria: de terça a sábado das 13h às 21h e domingo, das 12h às 19h. Duração: 100 min. Classificação: 16 anos. Serviço de Vans:  da Estação Luz ao teatro. Temporada: até 31/03.


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