Édipo: montagem concisa de Elias Andreato

De em maio 11, 2011

Elias Andreato como Tirésias em Édipo, peça que dirigiu e adaptou do clássico de Sófocles

Numa montagem enxuta de 70 minutos, Elias Andreato adaptou a tragédia grega de Sófocles, Édipo Rei, e leva ao palco do Teatro Eva Herz a peça Édipo, com Eucir de Souza na pele do rei de Tebas, Tânia Bondezan como Jocasta e Romis Ferreira como Croente.
A forte ligação de Elias Andreato com esse texto é antiga: em 1983 ele estava no elenco de Édipo Rei, dirigida por Márcio Aurélio, em que vivia Creonte —Renato Borghi e Ítala Nandi eram Édipo e Jocasta. Num texto de divulgação da peça, Elias confessa seu amor pelas palavras de Sófocles:
“Nós artistas vivemos à beira do abismo e, como Édipo o decifrador de enigmas, somos escolhidos na escala social para enfrentarmos a Esfinge. O teatro para nós é o oráculo divino onde os deuses manipulam e tecem nosso destino. Nossa paixão cega pela arte alivia nossa dor diante da verdade e nos faz acreditar no nosso livre arbítrio.”
Com o elenco disposto em semi-círculo no centro do palco e com três atores com acordeon marcando o rtimo do espetáculo, a clássica história trágica do rei de Tebas é contada com o auxílio do narrador, função de Nilton Bicudo, e no embate entre os personagens, com diálogos cortantes e precisos.

Tânia Bondezan e Eucir de Souza: Jocasta e Édipo

Com a soberba e a força que o poder lhe concedia, Édipo, muito bem interpretado por Eucir, decide desvendar os mistérios da morte de seu antecessor, Laio. Vítima do destino, Édipo descobre que ele é o assassino do rei, que por sua vez era seu pai. A verdade macabra vem à tona quando ele já estava no trono, casado com a rainha, sua mãe, e pai de seus irmãos! Jocasta suicida-se e o rei em desespero fura os próprios olhos. De soberano, Édipo passa a mendigar pelas ruas de Tebas como um desgraçado (sem as boas graças!).
Tirésias, o vidente cego vivido por Elias, tem um confronto com o rei em que o jogo de palavras e de sentidos elucida a trama: “tu me ofendes de cego que nada vê, mas és tu que tudo vês e não enxerga a verdade”. Que o ser humano tivesse a paixão cega pela verdade como o rei de Tebas!
Destaque ainda para o desenho de luz de Wagner Freire, que reforça a proposta da direção nos embates dos personagens, e o lindo cartaz criado por Elifas Andreato, irmão do diretor.

Fotos: Fernando Antunes e Henrique Araújo


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