Em curta temporada, Mário Viana adapta obra de Pirandello

De em agosto 17, 2011

Beto Bellini dá vida ao personagem central, Vitangelo Moscarda

Tendo como base o livro Um, Nenhum, Cem Mil (Uno Nessuno e Centomila), além de pesquisa de toda a obra de Luigi Pirandello, o jornalista e dramaturgo paulistano Mário Viana escreveu Pira, Pirandello, Pira como uma forma de homenagear o escritor e dramaturgo siciliano. Um tema recorrente em Pirandello é a busca da verdade e nesse trabalho fica mais uma vez demonstrada essa preocupação. A montagem está no Espaço Parlapatões e é assinada por Bárbara Bruno, traz a trilha sonora de Du Moreira, coreografia de Paulo Goulart Filho e no elenco Beto Bellini, Eliete Cigarini, Cláudio Curi, Vanessa Goulart, Rafael Maia e Edu Guimarães.

Eliete Cigarini e Beto interpretam o casal da trama

O personagem central, Vitangelo Moscarda (Beto Bellini), logo na primeira cena entra em crise existencial quando sua esposa, vivida por Eliete Cigarini, diz que seu nariz é torto. Um simples comentário ou a forma como o outro o via é o bastante para que Vitangelo não suporte a dúvida sobre sua identidade; passa a partir de então numa busca incessante para saber ou entender quem ele é. Herdeiro de um banqueiro e num casamento feliz, Vitangelo recusa o cargo no banco e sua esposa o abandona; parte em peregrinação tentando se encontrar.
Beto Bellini, que também é um dos produtores do espetáculo, confessa ter lido — e se apaixonado — pelo livro de Pirandello há anos e batalhou muito para realizar o sonho de transpô-lo ao palco. “O texto do Mário é uma homenagem ao Pirandello, pois ele absorveu toda a obra pirandelliana. A verdade é o grande questionamento de Pirandello e na peça fica evidente que o EU depende de quem o vê, Vitangelo tem obsessão por essa ideia”, diz.
Com um enredo tão profundo e sério, pode parecer que a montagem é um drama. No entanto, Pira, Pirandello, Pira é uma comédia enlouquecida, de acordo com Bárbara Bruno, no que Viana concorda: “O texto não é o rir pelo rir. O espectador ri da situação patética do personagem e ao mesmo tempo reflete sobre o questionamento dele”.
Um dos aspectos peculiares da montagem, e que me chamou a atenção, é a introdução de personagens de outras peças de Pirandello, como Seis personagens à procura de um ator. No início, Cláudio Curi, Vanessa Goulart, Edu Guimarães e Rafael Maia estão sentados platéia e aos poucos vão se dirigindo ao palco, como os personagens que buscavam o autor! A peça tem ritmo e movimento, graças à coreografia de Paulo Goulart Filho — a interação dos irmãos Bárbara e Paulo é fundamental para o bom andamento da trama. O único senão é quanto à logística: meia-noite é um horário muito tarde e a temporada é de apenas um mês (estreou semana passada e termina dia 10 de setembro).

Fotos: Damien Golovaty


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