Em Os Altruístas, Mariana Ximenes vive uma atriz histérica

De em setembro 20, 2011

Elenco da peça do dramaturgo norte-americano Nick Silver

Os Altruístas, de Nick Silver — em cartaz no Teatro Augusta— marca dupla estreia: Guilherme Weber na direção e Mariana Ximenes na produção. Ele, que com a sua Sutil Companhia de Teatro já conviveu com o autor norte-americano em outras montagens (Os Solitários que reunia dois textos de Silver, Pterodátilos e Homens Gordos de Saia), volta à carga e adaptou essa peça que foca a vida de um grupo de jovens radicais que vivem seus dias entre passeatas, discussões, manifestações de cunho social e ócio. Eles são bancados pela famosa atriz de TV Sydney, interpretada por Mariana Ximenes, que pela primeira vez é a produtora do espetáculo:
“A opção por produzir me garante autonomia artística: não preciso esperar ninguém me convidar, experimento a delícia de realizar, de agregar pessoas e linguagens. Um sonho carregado com carinho por todos, como se fôssemos um. Equipe!”, confessa a atriz.

Mariana Ximenes vive Sydney, uma desequilibrada atriz de TV

A marca registrada de Nick Silver está presente em Os Altruístas, ou seja, pôr a nu o ser humano, dilacerando-o. Assim como em Pterodátilos em que ele mostra um núcleo familiar totalmente desestruturado, sem amor, valores e princípios, aqui ele subverte o conceito de altruísmo. Ao invés de um amor desinteressado ao próximo, evitando o egoísmo, o grupo de jovens radicais e sem qualquer moral diz que luta pelo bem da coletividade, mas no fundo são auto-centrados e extremamente egoístas, violentos e anti-éticos.
“Nessa peça, as relações amorosas em decomposição são as arenas escolhidas por Silver para cultivar a raiva e a decepção das quais sua obra se alimenta”, conta o diretor.
Num ritmo alucinado e verborrágico (outra característica do autor), o público vai tomando pé da situação e como agem aqueles jovens. Sydney sustenta as ações do grupo, mas está cansada e num ataque histérico de ciúme, mata alguém em sua cama pensando ser o namorado Tony (Miguel Thiré). Desesperada, pede ajuda ao irmão Ronald (Kiko Mascarenhas), um gay emocionalmente desequilibrado que acaba de se apaixonar por um michê, vivido por Jonathan Haagensen. O grupo ainda é formado por um casal de lésbicas, que fidelidade e harmonia passam longe delas. A confusão das situações assim como a desestrutura emocional do grupo determinam o desenlace do enredo.
No entanto, sopros de realidade e humanismo acontecem quando um a um os personagens se dirigem ao público no canto do palco: no microfone e com um foco de luz, eles relatam momentos de suas vidas, que podem justificar, não reparar seus atos.
Destaque para o cenário da premiada Daniela Thomas: o palco é uma caixa preta, com inscrições a giz e apenas três camas e um jogo de espelhos, que contribuem para o ritmo do espetáculo. A iluminação precisa de Domingos Quintiliano (indicado ao prêmio Shell por Crônica da Casa Assassinada, de Gabriel Villela, em cartaz na cidade) é outro ponto para se ressaltar de Os Altruístas, montagem provocadora de Guilherme Weber, que também assina a trilha sonora.

Fotos: Marcelo Krasilcic


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