Peça: Erêndira, foto 1

Erêndira: nova montagem teatral da obra de Gabriel García Márquez

De em setembro 9, 2019

Peça: Erêndira, foto 1

Celso Frateschi vive a avó desalmada e Giovana Cordeiro, a jovem Erêndira

O conto Erêndira – A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada, do escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Prêmio Nobel de literatura/1982, está de volta aos palcos: acaba de estrear no Teatro do Sesi, pelas mãos do diretor Marco Antonio Rodrigues, que  retomou a versão que Augusto Boal encenou em Paris, nos anos 1980.

 

Já tendo sido adaptado para o cinema em 1982 (direção de Ruy Guerra com Irene Pappas e Claudia Ohana) e para o teatro em 1999 (direção de José Rubens Siqueira com Esther Góes e Giulia Mendonça), o conto desta vez recebeu a atualização dramatúrgica de Claudia Barral e conta com 13 atores, liderados por Celso Frateschi na pele da avó desalmada e Giovana Cordeiro como a jovem Erêndira. A trilha sonora é composta por músicas originas de Chico César e Marco França. Com ingressos gratuitos, a temporada se estende até o início de dezembro.

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Elenco: Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Gustavo Haddad, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino

 

García Márquez ou Gabo, como era carinhosamente chamado, foi um dos expoentes do realismo mágico ou realismo fantástico, corrente literária surgida no início do século XX que se caracteriza por unir o universo mágico à realidade, mostrando elementos irreais como corriqueiros. Marco da literatura latino-americana, o realismo mágico surge como uma forma de reação aos governos autoritários da região, das décadas de 1960 e 1970: a poesia recheada de elementos mágicos se contrapunha às ditaduras.

Nada mais atual, parece que a história se repete ou pouco se modificou. Daí a importância de se retomar hoje a obra de Gabo, retomar sua poesia e, como afirma o professor de literatura Eric Nepomuceno, sua “fé na possibilidade de existirem outras formas de viver, mais justas, menos absurdas, mais dignas.”

Esta montagem enfatiza o realismo mágico (a intensidade do vento, o vento da desgraça) e mostra a relação de uma avó e uma neta como metáfora da exploração por que passa as populações da América Latina. Até hoje! Uma trupe de saltimbancos acompanha a trajetória de Erêndira pelo deserto; a jovem é obrigada pela avó a se prostituir para repor o prejuízo causado pelo incêndio da mansão em que moravam.

A psicanalista Cecília Boal (viúva de Augusto Boal), que assina a tradução da peça, se diz apaixonada pela obra de García Márquez e crê que este texto lança mais perguntas que respostas:

 

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Giovana estreia no teatro

 

“Erêndira é uma metáfora, a sua história de menina pobre latino-americana comove. Agora, na ocasião desta montagem, Erêndira volta para casa, para uma América Latina novamente devastada. É possível que esta avó desalmada renasça das cinzas? Que seja tão difícil de eliminar? É essa a nossa condenação como latino-americanos? Viver e conviver com estas eternas perguntas?”, indaga Cecília Boal.

 

 

 

 

 

 

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Imperdível montagem da obra de García Márquez

Com esta dramaturgia vigorosa, o diretor envolve ainda mais o espectador graças à criativa trilha sonora, assinada por Chico César e Marco França. Destaque para a iluminação (Tulio Pessoni) e cenografia (Marcio Medina) que transportam o público para os delírios e para o deserto criado por García Márquez. Com um elenco coeso e afinado, Erêndira ganha força com a interpretação da dupla central, vivida por Celso Frateschi e Giovana Cordeiro (em sua estreia teatral), além de participações marcantes de Dagoberto Feliz, como o fotógrafo da trupe, Maurício Destri, Gustavo Haddad e Eric Nowinski. Mais um grande espetáculo deste segundo semestre. Temporada com ingressos gratuitos, até dezembro.

 

Roteiro:
Erêndira – A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada
. Texto: Gabriel García Márquez. Adaptação: Augusto Boal. Tradução: Cecilia Boal. Dramaturgia: Claudia Barral. Direção: Marco Antonio Rodrigues. Elenco: Alessandra Siqueyra, Caio Silviano, Celso Frateschi, Dagoberto Feliz, Dani Theller, Demian Pinto, Eric Nowinski, Giovana Cordeiro, Gustavo Haddad, Jane Fernandes, Marco França, Maurício Destri e Rafael Faustino. Cenografia: Marcio Medina. Figurino: Cássio Brasil. Iluminação: Tulio Pezzoni. Música original/canções: Chico César. Música original instrumental, arranjos e direção musical: Marco França. Designer de som: Gabriel Hernandes. Visagismo: Gabi Moraes. Designer gráfico: Zeca Rodrigues. Fotografias: Leekyung Kim. Produção executiva: Camila Bevilacqua. Idealização: Instituto Boal. Produção: Daltrozo Produções. Realização: SESI-SP.
Serviço:
 Teatro do Sesi-SP (456 lugares) , Av. Paulista, 1313, tel. 11 3528-2000. Horários: de quinta a sábado às 20h; domingo às 19h. Ingressos: gratuitos. Duração: 120 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 8 de dezembro de 2019.


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