Girimunho, documentário poético sobre o sertão mineiro

De em abril 30, 2012

Maria do Boi e Bastu moradoras do vilarejo de Minas Gerais e protagonistas do filme

Uma realidade nada comum aos grandes centros urbanos, com um ritmo próprio — sereno e pausado — e o modo simples e rústico de viver. Girimunho, documentário de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina, já premiado nos festivais de Havana/Cuba e Nantes/França, traz este retrato de um Brasil pouco conhecido e recluso, que vive suas tradições e sua cultura, alheio ao mundo digital, tecnológico e conturbado das metrópoles. Num misto de ficção e realidade (os habitantes são os próprios personagens da trama), o filme conta o cotidiano de um povoado do sertão mineiro por meio da história de vida de Bastu, uma senhora que acaba de perder o marido e num movimento interno precisa refazer a vida ao lado dos netos. Já Maria do Boi é outra personagem, que com sua força e alegria lidera um grupo tradicional de batuque e tradições populares.

Com a morte do marido, Bastu reinventa a vida

O filme começa com uma festa no povoado, em que o grande destaque é o som contagiante do batuque. O espectador é conduzido, em seguida, por Bastu e a neta, que voltam para casa: o ritmo calmo e o fluir lento da vida do vilarejo passam a ser a tônica a partir de então. Bastu acorda no dia seguinte e vê que o marido tinha morrido; sua vida vai sofrer modificações, mas tudo ocorre com sabedoria e calma (ela fica horas em silêncio, apreciando a natureza, o rio, as plantas). Até os sons que ouve à noite e que ela atribui ao falecido, tem uma solução prática e poética. Uma instabilidade na vida da velha senhora é quando a neta resolve estudar na cidade vizinha, mas a solução novamente acontece de maneira tranquila, sem traumas.
Maria do Boi, com quem Bastu troca confidências, é o contraponto da história. Alegre e pronta para cantar, Maria toca seu tambor sempre acompanhada de familiares. Seu nome é mais que justificável: na festa popular do vilarejo, com boi bumbá, ela está à frente de tudo, desde os primeiros preparativos com a carcaça do animal até os enfeites, os batuques e cantorias no dia da festa.

 

Maria do Boi lidera grupo tradicional de batuque

Por meio da história destas duas senhoras, os diretores tratam de conflitos inerentes ao Homem, como a velhice e a juventude, o ritmo pacato e o acelerado, o silêncio e o discurso (Bastu pouco fala, mas suas reflexões são profundas) e, principalmente, o significado da morte e da vida.

Fotos: divulgação


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