Peça: Inquieto Coração, foto 1

Inquieto Coração: filosofia de Santo Agostinho transposta ao palco

De em agosto 30, 2013

Peça: Inquieto Coração, foto 1

Além de interpretar Santo Agostinho, Eduardo Rieche assina a dramaturgia do espetáculo

Em curta temporada na cidade — permanece somente até o final de setembro no Viga Espaço Cênico —, Inquieto Coração reúne a essência da filosofia de Santo Agostinho. O ator carioca Eduardo Rieche, que também é escritor, tradutor e formado em Psicologia, utilizou cartas, sermões e as principais obras do filósofo (como Confissões, A Cidade de Deus, A Trindade e Solilóquios) para construir esta peça que investiga questões existenciais do Homem, como vida, morte, fé e a razão de estarmos no mundo. Mesmo tendo vivido entre os séculos IV e V, a filosofia de Santo Agostinho cala fundo ao coração do homem contemporâneo:

“Apaixonado pela palavra como forma de persuasão, Agostinho foi um retórico, que pensava perguntando e pensava duvidando. Ele é o homem em busca da explicação do estar neste mundo e da crença em seu destino supremo. A peça, mais do que biográfica e religiosa, propõe um encontro entre os escritos deste primeiro homem moderno e o homem atormentado de hoje”, explica Eduardo Rieche.

Peça: Inquieto Coração, foto 2

Rieche e o diretor Henrique Tavares assinam a trilha sonora

Numa montagem intimista e num espaço que contribui para esta proximidade (apenas 40 lugares), Inquieto Coração começa com o ator de costa para o público, como se estivesse em oração a Deus. Os questionamentos sobre a vida, a fé, a religiosidade e as angústias humanas são as reflexões de Santo Agostinho encarnado no palco.

“Santo Agostinho está mais próximo de nós do que imaginamos: no nosso modo de pensar a relação entre razão e fé, ação e contemplação, amor e sexo. A beleza e a força de suas palavras refletem sobre questões comuns ao homem de ontem, hoje e sempre”, argumenta Henrique Tavares, que assina a direção do espetáculo.

 

Com poucos elementos cênicos, Eduardo Rieche se vale da força de argumentação de Agostinho para reter a atenção do público. A iluminação de Renato Machado contribui para a pontuação do enredo. Da interpretação contundente do ator, o que me chamou a atenção foi a maneira como ele, ao final, se distancia do personagem, se despe do figurino e traz Santo Agostinho ainda mais próximo do espectador.

“A verdade não é minha nem tua, para que possa ser tua e minha”.                                                                          Santo Agostinho

 

Espetáculo denso e que propõe profunda reflexão sobre a vida, vale a pena conferir. Curta temporada, só até 29 de setembro.

Fotos: Almir Reis


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