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Luiz Villaça dirige inédito de Arthur Miller, A Descida do Monte Morgan

De em abril 17, 2013

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Paula Ravache, Ary França e Lavínia Pannunzio formam uma das famílias do personagem central da peça de Arthur Miller

Depois da estreia de sucesso (Sem Pensar, de Anya Reiss, encenada em 2011), o diretor e cineasta Luiz Villaça volta aos palcos. Desta vez optou pela peça inédita no Brasil, A Descida do Monte Morgan, que acaba de estrear no Teatro Nair Bello, do dramaturgo norte-americano Arthur Miller. Nesta comédia dramática o empresário do setor de seguros, Lyman Felt, interpretado por Ary França, vê seu mundo ser transformar radicalmente depois que sofre um acidente de automóvel. Bem-sucedido nos negócios, Lyman é acima de tudo fiel a seus sentimentos: casado com Theodora, interpretada por Lavínia Pannunzio, e pai de Bessie (Paula Ravache), ele ama Leah (Lu Brites), com quem tem outro filho pequeno. As duas famílias se conhecem na sala de espera do hospital em que Lyman está internado e, mais do que bigamia, o dramaturgo discute fidelidade, traição, posse nos relacionamentos afetivos — temas tão em voga nos dias atuais — e a questão central da trama: é possível ser fiel a seus sentimentos sem magoar as pessoas que ama?

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O personagem de Ary também é casado com Leah, interpretada por Lu Brites

Numa linguagem ágil e com a trama se desenrolando em vários momentos da vida do protagonista, o espectador se envolve de cara com a história. Tudo começa com Lyman no leito hospitalar sendo cuidado pela enfermeira Hogan (Ju Colombo): ele aos poucos toma consciência do acidente e se apavora quando sabe que sua mulher e filha chegaram para visitá-lo. Sem saber o porquê de tanto desespero, a enfermeira avisa às duas para que voltem outra hora; neste momento Leah chega para visitar o marido e na sala de espera a verdade vem à tona: ambas são casadas com o mesmo homem, que acabara de ser atendido depois de um grave acidente de carro.
O curioso desta cena é ter Lyman assistindo a tudo, como se fosse um ser invisível. As cenas subsequentes alternam o presente e o passado e é quando a tese de Miller vai se firmando: o empresário, mesmo com a sua bigamia sendo desmascarada, confessa amar as duas mulheres e em e nenhum momento se mostra arrependido.

“É possível ser fiel a si e aos outros ao mesmo tempo?”

Como na maioria de sua obra — o clássico Morte de um Caixeiro Viajante e ainda Depois da Queda e O Preço, em A Descida do Monte Morgan o dramaturgo faz um retrato irônico e até sarcástico da sociedade norte-americana. Por intermédio da tragédia pessoal de Lyman, Miller critica a sociedade consumista contemporânea e questiona seus valores comportamentais.

Segundo Luiz Villaça, Arthur Miller “é genial, não tem uma palavra fora do lugar”. Já Ary França questiona:

“Esse texto trata da liberdade e seus limites, além da culpa, que vem sempre acompanhando esta questão. Ao assistir a esta peça o espectador vai se perguntar, até com certo humor, o que fazer com o seu desejo, com a sua vida. É desse desejo que você quer as coisas?”, indaga o ator.

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O melhor amigo de Lyman (Ary) é seu advogado, vivido por Fábio Nassar

Com um cenário, assinado por Márcio Medina, rico de adereços e objetos dispostos pelo palco, e a iluminação precisa de Wagner Freire, A Descida do Monte Morgan se destaca pela afinada interpretação de Ary, Lavínia e Lu: seus personagens se completam entre embates vigorosos e encontros afetivos.
Não perca, a peça permanece em cartaz até 14 de julho.

Fotografia: João Caldas

 


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