Na Estrada: versão de Walter Salles para clássico da literatura

De em julho 18, 2012

Sam Riley e Garrett Hedlund são os amigos Sal e Dean que percorrem todos os EUA de carro

Depois de algumas tentativas frustradas — inclusive do diretor Francis Ford Copola, que é o produtor do filme — finalmente Walter Salles conseguiu transpor para as telas o clássico da literatura mundial On the Road, de Jack Kerouac. Com roteiro de José Rivera, que também adaptou Diário de Motocicleta dirigido por Walter Salles em 2004, Na Estrada conta a história do jovem escritor Sal Paradise, vivido por Sam Riley, que após a morte do pai e de ter conhecido Dean Moriaty, brilhantemente interpretado por Garrett Hedlund, resolve acompanhar o novo amigo numa viagem pelos Estados Unidos. Ao lado da namorada de Dean, Marylou (Kristen Stewart), os três cruzam o país embalado por sexo, drogas e jazz. Mais do que descobrir novas paragens, Sal e Dean, durante a aventura, experimentam as mais diferentes situações e a maior descoberta é a de si mesmos.
A trama é conduzida por Sal, que não larga um só minuto suas anotações, que devem servir de base para seu livro. Eles partem de Nova York de carro e atravessam o país todo, numa viagem que povoa a imaginação de todo o jovem: além de garotas, bebidas, drogas, a maior sensação que vivenciam é a da liberdade. Em alguns momentos eles se separam e Sal, para poder continuar a viagem e seu projeto literário, descola trabalhos temporários. Numa destas paradas é que encontra Terry, interpretada pela brasileira Alice Braga, e ambos se empregam numa fazenda durante a colheita daquele ano e vivem um tórrido caso de amor.

Alice Braga faz uma participação especial

Paralelamente o filme mostra como vivem os amigos de Sal e Dean, em Nova York: são jovens como Bull (Viggo Mortensen), Camille (Kirsten Dunst), Carlo (Tom Sturridge) e Jane (Amy Adams), que rompem os padrões conservadores da época e seguem seus próprios caminhos. Numa entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo o diretor confessa ter sido influenciado por Kerouac:

Li o livro muito jovem, nos anos 1960, em plena ditadura militar brasileira e senti uma identificação muito forte com aqueles garotos que se rebelavam contra a autoridade”, diz Walter Salles.

 

Mesmo que Sal seja o narrador no filme, Dean é o personagem que atrai a atenção de todos, tanto por sua vida desregrada e libertária como também pela presença eletrizante de seu intérprete, o belíssimo Garrett Hedlund. Outro destaque do filme é a fotografia requinada de Eric Gautier.

Sal transpõe para o livro sua experiência vivida ao lado do amigo

No entanto, o que sobressai em Na Estrada é a construção e desconstrução de uma amizade: Carlo é que apresenta Dean a Sal e, como uma faísca, a amizade entre os dois inflama de cara. Porém, quando Sal adoece o grande amigo não hesita em deixá-lo só na cama de uma hospedaria qualquer. O troco vem anos depois em Nova York: ressentido Sal não deixa de sair com os amigos quando é procurado por Dean, que está numa fase difícil. Entretanto, este reencontro é o mote que o escritor precisava para transpor sua experiência vivida ao lado do amigo para as páginas de seu livro.  Além da versão de um livro tão importante, Na Estrada traz novamente a marca sensível e emocionada de Walter Salles.

 Fotos: divulgação

 

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4 Comentários

Nanete Neves

julho 28, 2012 @ 10:50

Resposta

Li o livro quando muito jovem, e agora tantos anos depois fiquei muito tocada pelo filme. Tinha lido algumas criticas dizendo que era uma leitura “higiênica” demais, então fui ao cinema cheia de reservas. Mas logo nas primeiras cenas eu me deixei transportar.
A cena final é forte, mas compreendo: só cortando o laço foi que ele, como escritor, conseguiu construir a sua narrativa.
Ah, Mauricio, fazia tempo que não vinha te visitar e fiquei surpresa com as novidades. Teu blogue está lindo e sempre interessante.

Maurício Mellone

julho 28, 2012 @ 15:41

Resposta

Nanete:
Obrigadíssimo pelos elogios e incentivo!
Vc sabe como ninguém como este tipo de atitude nos
fortalece a manter a rota e estarmos firmes na luta pelos
nossos sonhos!
Sobre o filme do Waltinho, tb senti o q vc descreve: a amizade dos dois precisava sofrer um
corte para q o livro (a narrativa como vc disse) pudesse sair!
Bjs e novamente obrigado pela força!

tite

julho 18, 2012 @ 23:21

Resposta

Exatamente. Walter quis contar a estória da amizade de Sal e Dean. aquele final não poderia ter sido mais sensível e tocante. Vou lembrar enquanto viver. Garrett Hedlund é um GRANDE ator. Maravilhada com ele.

Maurício Mellone

julho 19, 2012 @ 15:41

Resposta

Tite:
O filme é bem interessante, fiquei tocado vários dias!
Volte sempre
abr

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