Escritora Lya Luft foto 1

O livro O tigre na sombra marca a volta da escritora Lya Luft à ficção

De em janeiro 10, 2013

Escritora Lya Luft foto 1

Escritora gaúcha Lya Luft volta à ficção depois de ter lançado dois livros de ensaios

Lya Luft que assina uma coluna na revista Veja desde 2004 e lançou ultimamente Múltipla escolha (2010) e A riqueza do mundo (2011) — livros de ensaios —, está de volta à ficção. No romance O tigre na sombra (Editora Record) a autora gaúcha retoma não só o gênero como o tema que caracteriza sua obra de ficção: os mistérios, a magia e a descrição  da relação amorosa e familiar sempre do ponto de vista mais árido e intrincado.

“A minha literatura nunca vai ser ‘aí casaram e foram felizes para sempre’. Minha literatura sempre nasceu do conflito, da dificuldade, do isolamento. Sou fascinada pelo lado complicado. Tenho um olho alegre, mas também tenho outro olho que observa o lado difícil, sombrio da vida”, confessa a escritora.

Neste novo romance, o fio condutor é dado pela garotinha Dôda, que nasceu com uma perna mais curta, mas em compensação seu olhar para o mundo é crítico e ao mesmo tempo mágico e misterioso. Dôda reflete sobre a vida de todos ao seu redor e trilha por caminhos só alcançáveis por ela: trafega do mundo real para o mundo dos espelhos.

Livro O tigre na sombra, de Lya Luft, foto 2

Capa do livro O tigre na sombra, Editora Record

Os mistérios do romance O tigre na sombra são defendidos já na apresentação do livro:

 

“Esta história se conta de um jeito diferente. Não é compacta. Não é linear. Como quase tudo neste mundo, não precisa fazer sentido. São fragmentos de um espelho onde dançam sombras que, mesmo quando parecem se fundir, mal se tocam”, diz Lya Luft.

 

O romance está dividido em quatro capítulos (Espelhos que observam, A menina da perna curta, Amores perturbados e O tigre espera) e o enredo gira em torno da trajetória de vida de Dôda, que nasceu com uma perna mais curta e buscou a fantasia e o mundo dos livros como um refúgio.

 

“Uma criança inventa uma existência no espelho, porque na miragem se sente mais inteira.

 

Dôda era a segunda filha do casal. Dália, a primogênita, era a preferida da mãe.

 

“Minha mãe, que não me amava, teve duas filhas.”

É desta forma direta que a autora, pela voz da garotinha de perna curta, narra toda a história. Desde a fase sofrida da infância, a solidão na adolescência (sem namoros), a eterna relação difícil com a mãe, que era compensada apenas pelos carinhos e afagos da Vovinha e seu marinheiro (os avós maternos que Dôda venerava), até seus casos amorosos, sua vida acadêmica e profissional, seu casamento e a cúmplice e ao mesmo tempo conflituosa relação com a irmã Dália.

Ao final, é a garotinha de perna curta que constituiu família, separou-se e na velhice adora estar na Casa do Mar (a casa de praia dos avós que ganhou de herança) e compartilhar o lindo lugar com os três netos, “dois meninos barulhentos e alegres e uma menina com o mesmo cabelo ruivo escuro que eu tive um dia”.

Com uma narrativa envolvente e poética, O tigre na sombra emociona da primeira à ultima linha. Lya Luft escreve de maneira clara, objetiva e de forma despretensiosa dá ricas lições de vida. Ao dizer que Dôda e Dolores (a sua imagem do espelho, que sempre foi bem resolvida e sem complexos) no final são o resultado de sua existência, a autora provoca reflexões profundas e enriquecedoras ao leitor:

 

 

 

“Nos labirintos em que me perdi e me achei, e tropecei e caminhei de novo, aprendi que ela sob outras formas e figuras quer existir. Reuni em mim as duas que fomos ou que sempre fui, pois todos somos vários, somos muitos. Eu me tornei ela e a realidade do espelho transbordou aqui para fora.”

 

 

 

 

Escritora Lya Luft, foto3

Professora universitária aposentada, Lya Luft é tradutora e desde 2004 assina uma coluna na revista semanal Veja

Leitura edificante. Profunda. Poética e de pura emoção.

 

 

 

Fotos: divulgação


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