Pobre Super Homem

De em junho 9, 2010

Marco Antonio Pamio, Rosaly Papadopol e Olair Coan em montagem de 2000


O projeto Letras em Cena, de leituras dramáticas, que acontece todas as segundas-feiras, no Masp, nessa semana apresentou a peça Pobre Super Homem, do dramaturgo canadense Brad Fraser.
Grande sucesso de público e crítica, a montagem acaba de completar 10 anos e a escolha para participar do projeto também foi para fechar a semana da Parada LGBT desse ano.
O texto de Fraser é considerado até hoje como revolucionário, não só por retratar os anos 90 e o terror do avanço da Aids que matava indiscriminadamente as pessoas, como também pelo eletrizante e dinâmico jogo dramático que propõe.
Os cinco personagens vivem numa solidão e num desencontro amoroso, ao mesmo tempo em que buscam alternativas para seu isolamento.
Como a peça de Fraser é contemporânea, mesmo que retrate os anos 90 e o início da Aids. Se com a doença evoluímos muito, já que hoje ela está mais sob controle, com o uso dos antirretrovirais e as pessoas contaminadas tendo uma sobrevida maior, no campo afetivo a solidão e o desamor só aumentaram!
Hoje as relações virtuais estão cada vez mais fortes e atuantes, o que faz com que as pessoas fiquem ainda mais sós; cada vez mais vínculos afetivos e amorosos são deixados de lado!
Como muitos da nossa geração, perdi inúmeros amigos vítimas de Aids, nos anos 90. Mas a dor lancinante foi mesmo com a perda do meu grande amor! Na estreia em 2000 de Pobre Super Homem, precisei me recompor ao final do espetáculo para poder cumprimentar os atores, meus velhos amigos, pois as lágrimas me acompanharam durante toda a peça!
E na leitura dessa semana, não foi diferente. Chorei em diversas cenas: além da minha história de vida, agora há o acréscimo da perda do meu amigo de infância Olair Coan, ator que viveu na montagem original a travesti Shannom e nos deixou em 2007, vítima de um acidente automobilístico.
Emoção redobrada, foi o que (re)vivi com a leitura do texto de Fraser. Parabéns Sérgio Ferrara, Pamio, Rosaly, Gustavo, Raquel e Serginho. Muito obrigado pela homenagem prestada ao Olair. Com certeza houve a troca de bons fluidos entre nós e ele, a comunhão perdura!
Foto do arquivo do ator Marco Antonio Pamio/ Fotógrafo: Jefferson Pancieri


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