Premiado Marco Nanini encabeça elenco de Pterodátilos

De em abril 12, 2011

Marco Nanini vive dois papéis: Ema e também seu pai Artur

Com temporada até final de maio no Teatro FAAP, Pterodátilos reafirma o sucesso carioca: as sessões estão com ingressos esgotados e a lista de espera é grande!
Nada mal para Marco Nanini, que comemora seus 45 anos de carreira e vê reconhecido seu trabalho pelo público e pela crítica. Nessa peça de Nicky Silver, o ator vive tanto o pai como a filha e foi agraciado como melhor ator na versão carioca do Prêmio Shell desse ano. Sua companheira de palco, Mariana Lima, também foi escolhida a melhor atriz e a diretora de arte e cenógrafa Daniela Thomas também recebeu a premiação.

Para festejar a data, Nanini resolveu remontar Pterodátilos, encenada em 2002. Dessa vez, no entanto, o diretor Felipe Hirsch incluiu extratos de outras obras do autor e a montagem está mais solta: ‘‘Sempre ficou na cabeça da gente remontar esse texto, porque tem humor, diálogos incríveis e precisos, além de uma dramaticidade sem pieguice. Na primeira vez, por conta das circunstâncias, a peça ganhou uma impostação mais grandiosa. Queríamos repeti-la de uma forma mais próxima da plateia”, conta o ator.

Próxima e por isso mesmo provocadora. O grupo familiar retratado por Silver encontra-se completamente desestruturado. A citação ao final do espetáculo de que a espécie humana pode ser como os pterodátilos, pássaros da pré-história que viveram muito mas desapareceram sem deixar vestígios, é no mínimo aterrorizante. Será que chegaremos a desaparecer? Se a total falta de afeto e amor, além de os valores e princípios humanos forem como os retratados pela família mostrada no palco, o Homem não sobreviverá!
O pai, um banqueiro frio, egocêntrico e ausente, que desconhece sua prole; a mãe fútil, consumista, bêbada, infiel, pedófila, incestuosa e promíscua; o primogênito volta para casa depois de contrair o vírus da Aids e de uma vida depravada e inútil; e a filha, por descuido dos pais, traz mazelas da infância e se espelha na mãe alcoólatra. Para completar o quadro dessa família disfuncional rumo à extinção, há ainda o noivo da garota que é contratado como empregada doméstica e se apaixona e vive um caso de amor com o irmão de sua noiva.
O prêmio de Daniela Thomas para o seu cenário é mais do que merecido. Desde o início o público se depara com a sala da família em posição inclinada: assim que as cenas acontecem e a desestruturação familiar é mostrada, o palco começa a se movimentar e ficar também em desequilíbrio. O filho começa a escavar o sub-solo da casa em busca de dinossauros e retira o assoalho, até que todo o chão desaparece. Um chão físico e ao mesmo tempo emocional. Saí do espetáculo com a sensação de ter levado um soco na boca do estômago, fiquei completamente sem o chão, como o retirado no palco!

Em cena: Nanini, Mariana Lima, Álamo Facó e Felipe Abib

Direção impecável e de perfeito entrosamento com a equipe — Felipe trabalhou com Nanini em Os Solitários, de Nicky Silver, em 2002, e em A Morte de um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, em 2003 —, Pterodátilos merece todo o sucesso graças à brilhante atuação de Marco Nanini e Mariana Lima. Álamo Facó como o filho e Felipe Abib como o noivo também completam um elenco coeso e envolvente.
Fotos: Carol Sachs


4 Comentários

Rico

abril 19, 2011 @ 08:49

Resposta

Tentei ver mas ainda não consegui! Já tinha lido a respeito e depois de ler sua crítica fiquei com mais vontade de assisti-la! Parece bem densa mesmo…e você sabe que adoro isso! rs
Bjo

Maurício Mellone

abril 19, 2011 @ 16:48

Resposta

Rico: insisto, vá assistir. Vc vai gostar mesmo!
Obrigado pelas visitas constantes!
bjs

Mario Viana

abril 12, 2011 @ 18:05

Resposta

A gente fica em dúvida sobre quem é melhor em cena – Nanini ou Mariana Lima? Eles dão um show, apoiados num texto contundente. O público vai atrás do seu Lineu e encontra um ator desenfreado em cena, na companhia de uma completa alucinada. Lindo, lindo, lindo!

Maurício Mellone

abril 13, 2011 @ 14:32

Resposta

Mário:
Que bom q concordamos dessa vez! rsrsrs
O q me irritou na plateia (os q foram ver o sr. Lineu) é q havia muitos risos.
Sei q às vezes o texto provoca um riso nervoso, mas invariavelmente muitos riam pensando
se tratar de A Grande Família. E de grande, só mesmo a disfunção dessa família.
E Nanini e Mariana merecem receber outros prêmios, estão brilhantes em cena!
bjs

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