Raul – O Início, o Fim e o Meio: o maluco beleza sob todos os ângulos

De em março 27, 2012

“Eu sou a luz das estrelas/
Eu sou a cor do luar/
Eu sou as coisas da vida/
Eu sou o medo de amar
/

 

Raul Seixas: documentário registra vida e obra desta lenda do rock brasileiro

Estive na pré-estreia de Raul- O Início, o Fim e o Meio e diante da confusão para retirar o ingresso que estava sendo distribuído gratuitamente desisti — tamanha era a fila e teria de assistir ao documentário sentado no chão. Decepção e um certo aborrecimento com o folclore criado com a imagem de Raul . No entanto, nem imaginava que alguns dias depois, ao entrar na sala de exibição, seria surpreendido e me emocionado tanto com o filme de Walter Carvalho. Um passeio sobre a vida e obra do lendário Raul Seixas, com imagens inéditas, desde sua infância na Bahia até suas últimas apresentações ao lado do também baiano Marcelo Nova. Um registro histórico, que agrada tanto aos milhares de fãs inveterados do artista por todo o Brasil, como também aqueles que pouco conhecem da trajetória deste roqueiro arretado!

“Mas eu sou o amargo da língua,/
A mãe, o pai e o avô/
O filho que ainda não veio/
O início, o fim e o meio.”
    (Gita)

O documentário, que tem roteiro assinado por  Leonardo Gudel,  começa com um mix de imagens de Raul Seixas em diversas fases da carreira, fixando-se num show em que ele rabisca no peito com um batom o símbolo hippie. Não se atendo à ordem cronológica, o diretor vai montando um painel sobre a vida e obra do cantor e compositor baiano, desde sua infância — com depoimentos preciosos de seu irmão José Walter e da mãe Maria Eugênia —, passando por suas primeiras bandas na Bahia (Rauzito e os Panteras) e a veneração de Raul por Elvis Presley. (Nos shows deste início de carreira nota-se que Raul aspirava ter o jogo de quadris do ídolo!).

Cartaz do filme de Walter Carvalho

Um dos grandes trunfos do filme é a quantidade de imagens inéditas de Raul, tanto em shows, como em gravação de estúdio, entrevistas e material de arquivo — foram mais 400 horas de gravação e 94 entrevistados, sendo 50 editados. O presidente do fã clube Raul Rock Club abriu literalmente o baú, com relíquias, como a famosa capa que ele aparece em diversas ocasiões. Para montar este painel, o diretor (que teve como codiretores Evaldo Mocarzel e Leonardo Gudel) contou com os depoimentos de Pedro Bial (que o entrevistou diversas vezes), Nelson Motta, André Midani, Edy Star, Solano Ribeiro, Julio Medaglia, Roberto Menescal, Caetano Veloso (que elogia muito o conterrâneo e canta Ouro de Tolo), Tom Zé, Zé Ramalho e Marcelo Nova.
Entretanto, o filme não se atém apenas à carreira do artista: os depoimentos das mulheres e das filhas de Raul procuram mostrar o homem amoroso e sensível. Mas também contam do drama de conviver com o alcoolismo e o envolvimento de Raul com as drogas — uma delas confessa ter perdido a batalha para as drogas, daí a separação.
E não poderia ser de outra forma: o escritor Paulo Coelho, um dos grandes parceiros de Raul, dá um depoimento contundente, em sua residência na Suíça. Além de contar como eles se conheceram (na época Paulo já era da contracultura e Raul estava casado, com filha e trabalhava como produtor de gravadora), Paulo diz que apresentou as drogas ao amigo, mas não se culpa por isto: Raul era dois anos mais velho e a decisão de entrar e sair do mundo das drogas é de foro íntimo.

Num de seus últimos shows, Raul recebe no palco o parceiro Paulo Coelho

E o melhor: o filme traz a participação de Paulo num dos últimos shows da carreira do amigo, quando ele dividia o palco com Marcelo Nova. A emoção de ambos contagia o espectador!
Raul- O Início, o Fim e o Meio encanta os fãs por trazer imagens e depoimentos inéditos do ídolo e também agrada aqueles que desconhecem o talento, a criatividade e a genialidade de Raul Seixas. Como outros ídolos da música, Raul perdeu a guerra para as drogas e ao invés de seguir seu próprio conselho ‘tente outra vez’, ele não controlou sua maluquez.

 

“Tente!/
E não diga/
Que a vitória está perdida/
Se é de batalhas/
Que se vive a vida/
Han!
Tente outra vez!”
(Tente outra vez)

 

“Controlando/
A minha maluquez/
Misturada/
Com minha lucidez/
Vou ficar/
Ficar com certeza/
Maluco beleza”
 (Maluco Beleza)

 

 

Fotos: divulgação


4 Comentários

Maria Lígia Pagenotto

março 27, 2012 @ 17:33

Resposta

Mau, estou muito a fim de ver este documentário, e ler sobre ele aqui só atiçou ainda mais minha vontade. Fico feliz que vc tenha gostado do filme – e mais: se emocionado com ele, a despeito do culto ao Raulzito (que também, confesso, me dá preguiça)! Quero muito conferir!

Bjs

Maurício Mellone

março 28, 2012 @ 14:17

Resposta

Lígia, querida:
tenho certeza q vc vai gostar e se emocionar tb;
há passagens engraçadas (o Raul era uma pessoa rara,
tinha tiradas hilárias) e emotivas
(o reencontro dele com o Paulo e o carinho dos
dois é tocante). Não deixe de conferir!
Bjs e adorei sua visita, volte sempre q puder!

ADriana Bifulco

março 27, 2012 @ 15:40

Resposta

Ma, que lindo seu texto sobre o filme do Raul. Dá pra notar o quanto ficou sensibilizado pela história dele. Tanto que dá vontade de ir ao cinema imediatamente para assisti-lo!! Parabéns! Bj

Maurício Mellone

março 28, 2012 @ 14:19

Resposta

Adriana:
obrigado pelo carinho e pelos elogios.
Se vc ficou (assim como nossa amiga Lígia aí em cima)
com vontade de assistir ao documentário, cumpri minha missão! rsrsrsrsr
bjs e venha me visitar sempre!

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