Peça: Sabiá, foto 1

Sabiá revê as consequências da ditadura militar na vida de 2 mulheres

De em maio 15, 2014

Peça: Sabiá, foto 1

Eliana Guttman, Jerusa Franco e Gustavo Haddad protagonizam drama sobre o período da ditadura

Mais do que retratar o período de repressão e truculência pelo qual o Brasil passou— foram mais de vinte anos de ditadura militar, de 1964 a 1985 —, a peça Sabiá, do dramaturgo e diretor Paulo Faria, que acaba de estrear no Teatro MuBe Nova Cultural, faz uma reflexão daquela época por meio da trajetória de vida de duas amigas, que sofrem até hoje a morte de Ricardo, irmão de uma e namorado da outra, que se opôs aos militares do poder.

A música Sabiá, de Tom Jobim e Chico Buarque, que venceu o III FIC (Festival Internacional da Canção, em 1968), serviu de inspiração para a criação da peça.

Peça: Sabiá, foto 2

Eliana vive uma mulher que perdeu o irmão que participou da guerrilha

Ao chegar à sala de espetáculo, o espectador já entra em contato com o clima da peça: músicas dos anos 60 e 70 e alguns spots de rádio sobre o noticiário da época são ouvidos, ao mesmo tempo em que no cenário (constituído apenas de cortinas transparentes) datas do período da ditadura são projetadas.
A trama se passa somente num dia, em que Joana, vivida por Eliana Guttman, recebe a visita de Helena (Jerusa Franco), depois anos afastadas. Helena acaba de se separar e pede abrigo à velha amiga. Aos poucos o passado vem à tona e os traumas reaparecem: Joana vive o luto da perda de seu irmão Ricardo, interpretado por Gustavo Haddad, que era o namorado da amiga. As cenas do passado são revividas em flahs back, quando o rapaz resolve abandonar tudo e combater a ditadura participando de agremiações que pregavam a luta armada. Um segredo, revelado por Helena, obriga Joana a reviver sua dor e reavaliar todo o passado.
Num ritmo ágil entre as ações do presente e as do passado, Sabiá dá ênfase ao drama vivido por uma mulher que perdeu o irmão caçula, praticamente seu filho, para uma guerra sanguinária. Ao completar 50 anos da instauração do golpe militar de 64, a peça faz um balanço da época; no entanto, justamente por estarmos com um distanciamento de cinco décadas, senti necessidade de uma reavaliação crítica das ações das esquerdas brasileiras.

Destaco a interpretação Eliana Guttman, que comove com a composição daquela mulher sofrida, e a participação pulsante de Gustavo Haddad. Acompanhe a seguir um vídeo da belíssima canção de Chico Buarque e Tom Jobim, que inspirou a trama de Paulo Faria:
http://www.youtube.com/watch?v=lhsXWXzh4ow

 

 

Fotos: Rodrigo Reis

 


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