Serpente Verde, Sabor Maçã: fábula dark estrelada por Lulu Pavarin

De em outubro 7, 2011

Luna Martinelli, Fernando Fecchio, Lulu Pavarin e Angela Figueiredo na tragicomédia de Jô Bilac e Larissa Câmara

Hoje é um belo dia para ocorrer um assassinato.
No prólogo, um ator na penumbra já indica o clima da tragicomédia dos cariocas Jô Bilac e Larissa Câmara. Na cena inicial permanece o tom sombrio e a misteriosa e mentirosa Senhora G, interpretação visceral de Lulu Pavarin, oferece um inusitado chá verde (sabor maçã) à primeira visita (ou seria vítima), vivida por Luna Martinelli. É assim que a inquilina de uma bela casa — disputada pela proprietária (Angela Figueiredo), pelas vizinhas gêmeas (Luna) e por um inspetor disfarçado (Fernando Fecchio)— recebe seus visitantes. Dependendo das atitudes deles, a Senhora G define quem deve sobreviver ou não: o chá do bule prata é servido aos que a desagradam e o chá do bule dourado para quem lhe é simpático. Serpente Verde, Sabor Maçã acaba de estrear e fica até 4 de novembro no Espaço Parlapatões, sempre às quintas e sextas, às 21h.
A montagem para a diretora Lavínia Pannunzio recebeu forte influência dos filmes de mistério e terror: “A peça é uma farsa, uma comédia de erros. É preciso que o público entre naquele universo bizarro, se assuste consigo mesmo e possa rir, se puder. A inspiração do visual da peça vem dos filmes, principalmente os de David Lynch, elegantemente expressionistas, quase caricaturais, mas extremamente humanos”, explica Lavínia.
Com o público já integrado ao clima tragicômico, aos poucos as pessoas, em total cumplicidade, começam a torcer para que a Senhora G ofereça o chá do bule prata, já que o caráter de suas visitas não é nada confiável. Todos a procuram com interesse, ou na compra da casa ou nos objetos da decoração. Há um jogo de poder e dominação constante, em que “prevalece a barbárie. É a insanidade da vida pelo olhar da loucura”, segundo os autores, que delicadamente definem a peça como uma fábula dark.
Para amplificar o tom sombrio do espetáculo, o cenário de Cássio Brasil, a iluminação de Aline Santini, o figurino de Daniel Infantini e a trilha sonora do titã Branco Mello (casado com Angela) são primordiais, além do uso contínuo de gelo seco.

Luna interpreta as gêmeas Fábia e Flávia, vítimas da Senhora G (Lulu)

Lulu Pavarin vive momento especial na carreira: depois do sucesso no monólogo de Germano Melo e Michelle Ferreira Como ser uma pessoa pior, com direção de Mário Bortolotto, a atriz dá vida a essa inescrupulosa e ao mesmo tempo adorável Senhora G. Ela magnetiza o público: as pessoas se não justificam as ações da personagem, no mínimo a entendem.
Ressalto ainda a criatividade Jô Bilac. Depois de se deliciar com Limpe Todo Sangue Antes que Manche o Carpete (analisado aqui no Favo) e Cachorro!, novamente a plateia paulistana tem a chance de assistir a novo texto seu (agora em parceria com Larissa Câmara). No inventivo Serpente Verde, Sabor Maçã, o público é convidado a desvendar quem é aquela enigmática Senhora G (seria G de god/deus?) e quando começaram suas artimanhas.

Fotos: Fábio Messias


2 Comentários

Lavínia Pannunzio

outubro 8, 2011 @ 00:57

Resposta

Obrigada Maurício, pelo texto e pela deferência ao nosso trabalho. Vou abusar dele.
Beijo
Lavínia

Maurício Mellone

outubro 9, 2011 @ 17:28

Resposta

Lavínia:
Fique à vontade! Muito obrigado pelos elogios!
Sucesso! bjs

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