Um Número discute a clonagem humana e suas implicações

De em julho 4, 2012

A partir de um experimento científico, a clonagem humana, a dramaturga Caryl Churchill levanta questões intrínsecas do ser humano na peça Um Número, que acaba de estrear no SESC Belenzinho. Bernard, interpretado por Pedro Osorio, que sempre soube ser filho natural de Salter, brilhantemente vivido por Pedro Paulo Rangel, tem a terrível notícia de que há um número (incerto) de seres iguais a ele. A constatação de que houve a clonagem humana e ele mesmo pode não ser o original provoca uma reviravolta na vida entre pai e filho, com uma acalorada discussão sobre a natureza humana, ética, verdade e princípios, que deixa o espectador ligado na trama nos 60 minutos de duração do espetáculo.
A montagem que chega à cidade já cumpriu temporada carioca e o público paulistano tem a chance de rever a temática da escritora britânica sobre outro prisma, já que em 2007 Um Número foi encenada por Bete Coelho, tendo Luiz Damasceno e Marco Antônio Pâmio nos papéis centrais de pai e filho.
Desta vez a tradução é assinada pelo diretor Pedro Neschling e por Vitória Frate e foca a questão na indignação do filho diante de tanta mentira e manipulação sobre a sua própria existência. Ao saber da clonagem, Bernard descobre também que toda a história de sua vida (a mãe e o irmão terem morrido em acidente) é uma farsa. Em cinco cenas Salter é confrontado tanto por Bernard como por outros dois clones, todos interpretados por Pedro Osorio.
Além de questionar sua identidade, o filho (original ou clonado?) provoca uma discussão sobre os sentimentos mais profundos do ser humano, como amor, ódio, medo e o que é verdade e mentira na vida.

Os três Pedros: Osorio e Rangel dirigidos por Neschling

Um dos destaques da montagem é o cenário de Gilberto Gawrosnki: além das duas cadeiras usadas pelos dois personagens (sempre em posição de confronto), estão suspensas no ar outras cadeiras, estas sempre despedaçadas, partidas, assim como os personagens se veem, sem identidade própria. O espetáculo fica em cartaz somente até o dia 22: não perca, principalmente pela rara oportunidade de assistir a tocante interpretação de Pedro Paulo Rangel, que se apresenta pouquíssimas vezes por aqui.

Fotos: Marcelo Faustini

 


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