Um Passeio no Parque da Solidão

De em outubro 24, 2011

O professor e escritor Luiz Carlos Líbano

Tenho a grata satisfação de contar com mais um colaborador. Desta vez trata-se do escritor e professor de línguas Luiz Carlos Líbano, um amante do teatro, que conferiu a estreia paulistana de Solidão, a Comédia, monólogo que traz o meu xará Maurício Machado vivendo cinco hilários personagens de Vicente Pereira. Nos anos 90, Diogo Vilela vivenciou esta experiência, sendo dirigido por Marcus Alvisi. O espetáculo já cumpriu temporada de sucesso no Rio e deve ficar em cartaz no Teatro NeXT até o final de novembro.

Um Passeio no Parque da Solidão

‘Segura o turbante, meu bem, e sinta o ritmo’.
A frase acima é de Vicente Pereira, autor da peça Solidão, a Comédia, em cartaz no Teatro NeXT, depois de temporada de 6 meses no Rio deJaneiro. Certamente o ator Maurício Machado se valeu de muita coragem, ousadia e espírito leonino para alçar um voo tão alto e solo num parque delicado, que é aquele em que se encontra a insulação.
Já o tinha visto em Um passeio no Parque (2006), peça do dramaturgo australiano David Stevens. Nela, Maurício dividia a cena com um fera do teatro Rogério Froes e com a atriz Bárbara Bruno. Com o ator mais velho, que representava o seu pai, trocava uma bola de igual para igual, com uma desenvoltura impressionante. Chamou-me a atenção a paixão e a dignidade com as quais desempenhou sua personagem. Além disso, irradiava carisma e se mostrava uma bela figura em cena.

Maurício Machado no esquete A Sétima Arte

Agora, nesse seu primeiro trabalho solo, Maurício merece elogios pela escolha de um texto significativo para a história do besteirol na dramaturgia brasileira; inclusive a estreia do espetáculo coincidiu com uma interessante e elucidativa exposição (no próprio teatro) sobre esse gênero, provavelmente desconhecido pelos jovens da geração atual.
Além do mérito pela escolha corajosa do texto, Maurício Machado precisa ser aplaudido por trazer à tona (em tom de comédia) um assunto tão atual: a dificuldade de se relacionar. Só rindo mesmo de algo tão próximo da tragédia, pois o tema é tão melindroso, que só o poder da comédia para nos ajudar a compreender essa inelutável condição humana. Só mesmo com um olhar risonho, possibilitado pelo texto e pelas personagens patéticas (mas lindamente humanas) criadas por Vicente Pereira que nos damos conta de quão fragilizados, abandonados estamos nesse parque selvático, que é o mundo atual.

Machado na pele de uma prostituta carente

Durante 75 minutos, o ator se transfigura em cinco diferentes personagens de cinco diferentes histórias: primeiro em A Sétima Arte, representa um deslocado e alucinado frequentador de cinema; depois em Coração Santo, vive uma prostituta hilária e carente; o terceiro esquete, A Fogueira das Vaidades, desfila um grã-fino emplumado e afetado; em Paris em Chamas, Machado representa Geneviève, uma adorável melindrosa alcoólatra e no último esquete, Vamos Falar Francamente, o ator materializa uma desbocada senhora idosa, visitadora de uma amiga doente.
Maurício realmente mostra desenvoltura na composição de suas personagens, com total domínio na condução de cada uma delas. Ele saboreia cada deliciosa palavra do texto ágil e convidativo do autor, além de levar a plateia do riso escancarado às lágrimas em segundos, principalmente no final.
Vale destacar nessa montagem a inteligente participação de Claudio Tovar, que assina a direção, o cenário e os figurinos: ele consegue extrair o melhor da interpretação do ator, além de dar-lhe agilidade em cena e possibilitar a funcionalidade dos objetos cênicos. O ator merece entusiasmados aplausos, pois mostra que sabe segurar o turbante e sentir o ritmo.

Luiz Líbano

Fotos: Guga Melgar


15 Comentários

Jaira Ferreira

novembro 9, 2011 @ 00:20

Resposta

E aplausos para você também, meu querido!
Que texto maravilhoooso.
Quero ver a peça e se possível com você.
Viajo neste sábado, mas no final da semana que vem estarei aqui. Até o dia 27 teremos dois finais de semanas.
Mauricio, agradeço a você pela oportunidade, dada ao meu amigo, de compartilhar conosco um pouco do seu talento.
Abraço,
Jaira

Maurício Mellone

novembro 9, 2011 @ 10:29

Resposta

Jaira:
Vá conferir mesmo o espetáculo do Médici, vc vai curtir.
Volte sempre me visitar, haverá sempre dicas da produção cultural da
cidade.
Obrigado e abraços

Maurício Mellone

novembro 9, 2011 @ 10:38

Resposta

Jaira, desculpe-me, pensei q vc estava se referindo ao espetáculo “Eu Era Tudo pra Ela e Ela me Deixou”, que o Luiz fez a resenha. Mas A Solidão também é interessante. Bjs

Helô

novembro 9, 2011 @ 11:35

Resposta

Olha só…. nunca tinha ouvido falar desta peça.
E lendo sua crítica fiquei curiosa e, sem dúvida, com muita vontade de assistí-la.
Belo e fluido texto.
Parabéns pelo blog.
Helô

Maurício Mellone

novembro 9, 2011 @ 16:11

Resposta

Helô:
Muito obrigado pelos elogios!
Vá conferir esse espetáculo, vale a pena!
Volte sempre me visitar, vou adorar e vc terá sempre dicas
da produção cultural da cidade.
bjs

Maurício Machado

novembro 4, 2011 @ 00:59

Resposta

Oi Agradeço ao Luiz pela bela e honrosa resenha. Fico muito feliz que o espetáculo tenha despertado tantas emoções! Isso justifica qualquer trabalho e o esforço que em vários níveis é muito grande!
Tb agradeço o espaço aqui do Favo do Mellone, ao meu xará Maurício !
Valeu !
Bom,
Agora espero vc Maurício e aos amigos aqui que postaram … Só mais 4 semanas !
Até 27 de Novembro !

Abraços,

Maurício Machado

Maurício Mellone

novembro 7, 2011 @ 14:43

Resposta

Xará,
assisti ao seu espetáculo no mesmo dia em que o Luiz esteve lá!
Parabéns e volte sempre me visitar, dedico um espaço generoso
às produções em cartaz na cidade.
abr

valéria ruiz

outubro 27, 2011 @ 08:43

Resposta

Muito boa a resenha Lu, adorei o blog e vc está lindo na foto. Vamos combinar de irmos novamente ao teatro juntos, neste final de semana estou com visitas, mas no próximo estou livre. beijos valéria

Maurício Mellone

outubro 27, 2011 @ 14:56

Resposta

Valéria:
Que bom q vc gostou do blog. Atualizo
com bastante frequencia e sempre com dicas
de cinema, teatro, literatura, artes plásticas.
Volte sempre que quiser,
terei o maior prazer em receber sua visita.
Abr

Janice

outubro 26, 2011 @ 17:23

Resposta

Puxa Luiz. Com esta sua resenha tive vontade de assistir a peça. Cou me programar para ir. Abraço,
Janice

Maurício Mellone

outubro 26, 2011 @ 19:15

Resposta

Janice:
Que bom que a resenha do Luiz a incentivou a assistir ao espetáculo.
Volte sempre por aqui, prometo indicar peças, filmes, shows e livros.
abr

Vinicius de Oliveira

outubro 25, 2011 @ 07:40

Resposta

A peça parece ser muito interesssante, uma pena ela ter passado pelo RJ e eu não ter tido conhecimento. Creio que tenho que andar mais bem informado rs.

Parabéns pelo artigo,

Um forte abraço

Maurício Mellone

outubro 25, 2011 @ 14:34

Resposta

Vinicius:
O meu xará ficou 6 meses no Rio antes de estrear em Sampa. O Luiz fez sua estreia aqui
no Favo e vamos esperar por mais participações.
abr e volte sempre

Luiz Carlos Líbano

outubro 24, 2011 @ 16:53

Resposta

Oi, Maurício, sinto-me feliz e lisonjeado pela minha inclusão no círculo de colaboradores do seu excelente blog. Espero que possa continuar contribuindo com dicas que enriqueçam esse espaço e fortaleçam o interesse das pessoas dessa metrópole desvairada com arte que diverte, emociona e provoca reflexão.

Maurício Mellone

outubro 25, 2011 @ 14:35

Resposta

Luiz:
Eu que agradeço por sua contribuição, que venham outras!
Bjs

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