Música: capa do CD de João Bosco, foto 1

Zedu Lima fala do CD de João Bosco, Eu moro dentro da casca do meu violão

De em julho 9, 2013

Música: capa do CD de João Bosco, foto 1

João Bosco lançou este álbum em 2009 só com canções inéditas

Mais uma vez tenho a honra de poder contar aqui no Favo com a deliciosa colaboração do escritor, jornalista e meu amigo Zedu Lima, que acabou de lançar mais um livro, 40 Viagens e um Roteiro, da editora Livrus, com crônicas, algumas delas publicadas aqui no blog.
Desta vez Zedu coloca seu olhar crítico e sensível para o disco de João Bosco, lançado em 2009, mas que infelizmente é pouco executado pelas emissoras de rádio e TV. Tendo como parceiro seu filho Francisco Bosco em cinco canções, João neste trabalho só trouxe inéditas. Vale a pena saber a opinião de Zedu sobre este álbum e, se você ainda não conhece, adquira-o o quanto antes.
Zé, muito obrigado pela confiança; aos meus seguidores aqui do blog, boa leitura e vou adorar receber seus comentários sobre esta resenha e sobre as demais também.

 

Música: Zedu Lima, foto 2

Zedu Lima, que acaba de lançar mais um livro, fala de sua emoção ao ouvir João Bosco

Eu moro dentro da casca co meu violão

Eu havia prometido ao Maurício uma resenha musical comparativa dos discos do Criolo (Nó na orelha) e do Marcelo Jeneci (Feito pra acabar), mas desisti. Ou melhor, vou deixar para uma próxima. Mesmo porque, e a bem da verdade, seria mais um tratado sociológico-musical de dois emergentes artísticos da periferia paulistana: Criolo, da Zona Sul, e Jeneci, da Zona leste.

O que me fez mudar, temporariamente, de ideia é o maravilhoso CD do João Bosco, Não vou pro céu, mas já não vivo no chão. Eu moro dentro da casca do meu violão, lançado em 2009. É o tipo do disco que quanto mais eu ouço, mais eu gosto. Quando penso que nenhuma música mais vai me emocionar, de repente me surpreendo com uma delas que não havia me afetado tanto da vez anterior que ouvi. O que mais me angustia é que nestes três anos (eu comprei o cd no dia 14/07/2009), eu só ouço essa pequena obra prima no meu aparelho de som. As rádios e programas musicais da TV ignoram solenemente.
Depois de algum tempo sem gravar um disco solo e com inéditas, João Bosco gravou esse, mais contido, um tanto melancólico, e apresentando um entrosadíssimo parceiro: seu filho Francisco Bosco, autor das letras de cinco das treze músicas. Bom dizer, um incontestável poeta. Basta atentar para estes versos:

 

“Pela cidade erram almas /
Procurando um coração /
Tantos desejos travestindo /
Sempre a mesma solidão /
Em álcool forte /
Em mil desnortes /
Em sezão”
(Desnortes – João Bosco-Francisco Bosco).

Mas o álbum tem, também, a companhia do velho parceiro Aldir Blanco, e de outros poetas do nosso cancioneiro. Além de sua voz multi-instrumental, em algumas das faixas se faz acompanhar apenas de seu indescritível violão.  Nas outras, soma a percussão de Robertinho Silva e Armando Marçal, a bateria de Jurim Moreira, baixo acústico de Jorge Hélder, guitarra e violão de Ricardo Silveira.  A maioria das letras relata o fim ou a necessidade do fim do amor, como nesses versos de Carlos Rennó para Pronto pra próxima:

Portanto o que me importa é por um ponto /
Enfim nas contas desse amor /
Em cada contra, em cada pró /
E me dispor pro próximo e estar pronto /
E ir ao encontro do que for /
O que já era já é pó.”

 

Música: CD de João e Francisco Bosco, foto 3

Francisco Bosco tem cinco músicas em parceria com seu pai João neste disco

Em Perfeição, Francisco Bosco homenageia Copacabana, referenciando o mítico bairro às telas de Modigliani, aos filmes de Fellini, à música de João Donato e ao mar do Caribe. O “tiozinho” se penitencia em Ingenuidade, de Serafim Adriano:

“Não, eu não podia me enganar assim /
com uma criança qualquer /
que veio ao mundo bem depois de mim /
Eu não reclamo o que ela fez /
só condeno a mim mesmo /
por ter me enganado outra vez.”

 

 

Eu poderia ficar descrevendo todas as emoções que essas músicas me proporcionam. Mas vou terminar por aqui com este vídeo do João cantando Tanto faz, mais uma do Francisco Bosco:

Zedu Lima 

 

 

Fotos: divulgação


8 Comentários

eliane andreoli

julho 12, 2013 @ 21:35

Resposta

Oi Zedu, também não conheço esse CD, e como fã do João Bosco irei atrás de conhecer, e também estou com saudades da sua fala, conversa e da oportunidade de desfrutar do seus conhecimentos, sabedoria e domínio das palavras…Um beijo espero vê-lo em breve.

Maurício Mellone

julho 15, 2013 @ 11:15

Resposta

Eliane:
O Zedu sempre jogando luz para que nós outros fiquemos atentos
a algo da produção cultural que tenha nos escapado.
Obrigado pela visita e volte sempre!
abr

Myrian

julho 12, 2013 @ 15:25

Resposta

Zedu e Maurício:

Que maravilha receber o aviso sobre a resenha , adoro o João Bosco!
Não sei bem em que ano foi que assisti, no Memorial da América Latina, com as duas plateias lotadas,um dos mais belos espetáculos musicais que tive o prazer de ver: no palco, ele e o Nico Assunção, todo mundo delirava, foi um show de 2 horas, não cansávamos de pedir bis, todos nós ficaríamos ali a noite toda, com certeza.
O João Bosco é maravilhoso, parabéns pelo texto e Maurício, pelo blog.
Myrian

Maurício Mellone

julho 15, 2013 @ 11:17

Resposta

Myrian:
Que bom q vc gostou da resenha do Zedu sobre o João Bosco: o CD é lindo
mesmo, não deixe de adquiri-lo, já que é fã do cantor e compositor.
Volte sempre visitar o Favo, vou adorar contar com sua colaboração e prestígio!
abr

Jerson Dotti

julho 11, 2013 @ 15:03

Resposta

Já estava sentindo falta do Zedu falar sobre música,
inclusive é um exemplo ressaltar a boa música que ainda
temos. Pena que a verdadeira música brasileira esteja
abafada pelos fracos modismos musicais de hoje.
sou positivo e ainda acredito que nossa boa música ainda vai
estar aí para a população. Abraços e parabéns para você Zedu e
para você Mellone por esse ótimo espaço.

Maurício Mellone

julho 12, 2013 @ 15:15

Resposta

Jerson:
vc tem razão em duas coisas: primeiro o tempo (longo para nós q adoramos a verve linguística dele)
q Zedu levou para voltar a escrever sobre música aqui no Favo;
e segundo sobre os modismos da nossa música. Até qdo teremos de ouvir (ou só ouvir nas rádios)
os telós, gustavos limas e duplinhas sertanejas da vida nos aborrecendo com
melodias pobres com versos ainda mais pobres?
Que a próxima onda seja de novos nomes (Tulipa Ruiz, Felipe Catto e outros) e
de eternos nomes (João Bosco, Paulinho da Viola, Lenine, Nando Reis, Caetano, Chico,
Gil, Gal, Bethania, Nana etc) a nos brindarem! Que emissoras de rádio e TV abram-se
para a canção brasileira de qualidade e poesia!
Obrigado pela visita e o incentivo!
bjs

Cristina Souza

julho 9, 2013 @ 19:20

Resposta

Muito bom Zedu escrever sobre esse CD do J0ÃO Bosco. Não conheço o albúm sou fão do cantor e compositor e nunca ouvi esse álbum. Vou em busca dessa dica.
Veleu Zedu.

Maurício Mellone

julho 10, 2013 @ 10:28

Resposta

Cristina:
O Zedu sempre com boas dicas!
Obrigado pela visita e volte outras vezes,
vou adorar!
abr

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