Chapéu branco, marca do maestro Tom Jobim

Como um complemento de A Música Segundo Tom Jobim, lançado em 2012, o diretor Nelson Pereira dos Santos acaba de lançar seu segundo filme sobre a vida e obra do maestro Antonio Carlos Jobim, A Luz do Tom.
Tendo como fonte o livro de Helena Jobim, Antonio Carlos Jobim: um Homem Iluminado, o filme traz o depoimento de três das mulheres mais importantes da vida do compositor: sua irmã Helena, Thereza Hermanny que foi casada com ele por mais de 30 anos e a fotógrafa Ana Lontra Jobim, sua segunda esposa. Além de fatos e curiosidades de toda a vida de Tom Jobim, o filme é rodado em plena natureza, com imagens magníficas de praia, floresta e pássaros, verdadeiras paixões do compositor.

O diretor Nelson Pereira dos Santos, que rodou dois filmes sobre Tom Jobim

Amigo e profundo conhecedor do “maestro soberano” — como o parceiro Chico Buarque o definiu numa de suas músicas —, Nelson Pereira dá ênfase no documentários às matas, às praias, aos pássaros e às árvores, colhendo os depoimentos in loco.

Com o chapéu do irmão, Helena Jobim fala da infância do maestro

Helena, passeando pelas praias de Santa Catarina com o chapéu do irmão, fala de sua infância ao lado de Tom e de como a música foi tomando conta da vida dele. É de extrema delicadeza o momento em que narra a emoção do garoto quando se sentou pela primeira vez diante do piano que sua mãe havia alugado para tocar para os alunos. Da intimidade que ele tinha com o avô materno, o gosto pelos esportes e da infância regada a música e literatura são os destaques do depoimento de Helena, que conta ainda sobre o primeiro casamento de Tom.

Thereza Hermanny foi casada com Tom de 1949 a 1985 e fala do início da carreira do maestro

A partir daí, é a própria Thereza que assume a narração. Tendo como cenário belos jardins da região serrana do Rio de Janeiro, Thereza relata as dificuldades dos primeiros anos de casados, em que Tom foi obrigado a se dividir entre os estudos de música durante o dia e suas apresentações nos bares da noite carioca. Fala da timidez de Tom e de como sua professora o incentivou a compor e da relação com os diversos parceiros, como Newton Mendonça, Billy Blanco, Dolores Duran, Vinícius de Morais, João Gilberto e Chico Buarque; relata ainda curiosidades dos bastidores da vida do casal e como algumas canções foram compostas. É muito interessante saber que Águas de Março foi criada numa noite em que Tom estava cansado depois de estudar muito durante o dia, num período em que eles estavam reformando a casa (pau e pedra da letra da música eram os da construção!).

Ana Lontra Jobim conta de sua parceria com Tom, de seus filhos e do amor do maestro pela Natureza

Ana Lontra Jobim é a terceira que assume a narração do filme. No Jardim Botânico do Rio, a fotógrafa começa lendo um trecho do livro produzido em parceria com Tom. Ela relata a importância da natureza na vida dele, de como se conheceram e dos filhos que tiveram. Além da parceria (ela com as fotos e ele escrevendo), Ana relembra de sua participação na banda que o maestro montou para inicialmente uma apresentação na Europa e de como este grupo se tornou uma grande família.

A Luz do Tom emociona pela delicadeza e a sensibilidade com que o diretor imprime nas belas imagens, que servem como fundo para os relatos sobre a vida e obra de um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos. As músicas da trilha, de responsabilidade do filho Paulo Jobim, encaixam-se perfeitamente aos relatos emocionados de Helena, Thereza e Ana.
Imperdível!

Fotos: divulgação