De Maurício Mellone em fevereiro 13, 2014
Impossível não se emocionar com a saga da garotinha Liesel, interpretada por Sophie Nélisse, no filme do diretor Brian Percival A Menina que Roubava Livros. Sucesso literário de Markus Zusak, que assina o roteiro ao lado de Michael Petroni, a trama começa com uma voz em off do narrador, que aos poucos o espectador percebe se tratar da morte. O drama de Liesel começa no trem: seu irmãozinho não resiste e morre nos braços da mãe. Ela então é levada para uma cidade alemã e adotada por uma família simples. Já no primeiro dia de aula, Liesel sente-se acuada, pois não é alfabetizada. Seu vizinho Rudy (Nico Liersch) é o único que a ampara e torna-se seu melhor amigo. No entanto, não saber ler torna-se a mola propulsora da vida de Liesel. Ela encontra um livro na rua e seu pai adotivo Hans (Geoffrey Rush) passa a ensiná-la. Em pouco tempo ela torna-se uma leitora voraz e as palavras irão ajudá-la a ultrapassar os traumas das perdas da guerra.
Liesel chega à casa de Rosa (Emily Watson ) e Hans em 1938, pouco antes do início da segunda Guerra Mundial, com Hitler já mostrando suas garras. Sem ter noção do que representaria a violência dos nazistas, a garota é surpreendida com a chegada de Max (Bem Schnetzer) em sua casa: judeu, filho de um companheiro de Hans da primeira guerra, ele recebe guarida e passa a viver no porão da casa. A afinidade de Max e Liesel é imediata e a garota aprende com ele que as palavras são um refúgio. Quando Max adoece, Liesel — que já “pegava emprestados alguns livros” da mansão do prefeito onde ia entregar as roupas que a mãe lavava e passava— passa a ler para ele de maneira compulsiva. Dividindo o pouco que tinham com o novo morador e graças ao carinho da menina, Max se recupera, mas não pode mais comprometer a vida dos amigos e parte.
Esta não seria a primeira e nem a última perda na vida de Liesel. Os horrores da guerra estavam só começando. O pai, mesmo velho, é obrigado a se alistar e durante bom tempo a garota e Rosa lutam para sobreviver. Hans finalmente volta pra casa, mas, já no final da guerra, um ataque aéreo sobre a cidade dizima o povoado. As tristes cenas não narradas pela Morte, que diz trabalhar para todo o tipo de vilão. Felizmente Liesel sobrevive e a história tem um salto no tempo: o narrador volta para buscá-la, mas só por meio de fotografias o espectador sabe que a garotinha casou-se, teve filhos, netos e superou tanta desgraça.
O tema da guerra já foi explorado exaustivamente no cinema. Mas em A Menina que Roubava Livros o diferencial é a sensibilidade e olhar curioso da adorável menina. A palavra como um suporte de superação também me chamou a atenção: o pai fez com que o porão da casa se tornasse o dicionário de Liesel e foi literalmente o que a salvou.
Fotos: divulgação
Deixe comentário