Peça: Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã, foto 1

Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã: remontagem

De em agosto 30, 2018

Peça: Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã, foto 1

Elenco: Angela Figueiredo, Fernanda Cunha e Fernando Fecchio

O dramaturgo Antônio Bivar escreveu a peça Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã em 1968, tendo sido encenada no mesmo ano por Fauzi Arap, com as atrizes Maria Della Costa e Thelma Restou nos papéis centrais. Para comemorar os 50 anos deste texto, o diretor André Garolli resolveu remontá-la, contando no elenco com Fernanda Cunha, Angela Figueiredo e Fernando Fecchio. O espetáculo está em cartaz no Centro Cultural São Paulo, no Espaço Cênico Ademar Guerra , até 23 de setembro. A trama gira em torno do universo de duas mulheres, Heloneida e Geni, que estão presas por terem cometidos graves crimes; de classes sociais diferentes, elas tornam-se amigas e vivem entre a realidade e imaginação.

Peça: Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã, foto 2

Montagem assinada por André Garolli

O espetáculo começa mostrando o cotidiano daquelas mulheres: de temperamentos opostos e estando aprisionadas, elas são confidentes uma  da outra. Desta forma o espectador fica sabendo que Geni é de família simples, sempre foi revoltada, ‘da porrada’ como ela mesma diz, e foi presa por um crime passional. Já Heloneida, de família mais abastada, se mostra uma mulher sensível, vaidosa, mas que cometeu um crime de extrema violência. Como acreditam que suas penas são para a vida toda, procuram deixar aquele lugar o mais agradável possível e, nas histórias que contam, a imaginação corre solta. Tanto que namoram o carcereiro (cada uma tem o seu dia ao lado do rapaz) e fazem flores de papel para vender.

Aproveitando do espaço do porão do Centro Cultural (que dá margem a criar cenários diversos), a montagem expande os limites da cela para que Geni e Heloneida possam relatar suas experiências de vida — reais ou imaginárias. Com sutileza e pequenas mudanças de figurino, as atrizes misturam as histórias e o público percebe que uma assume o papel da outra. Ou seria a mesma personagem?

Em entrevista exclusiva ao Favo, as atrizes, responsáveis também pela produção da peça, falam do sentido de prisão, que pode ser física ou psicológica:

“A prisão durante o espetáculo é apresentada em todos os sentidos. Esta é a riqueza do texto do Bivar. As pessoas que assistem têm várias opiniões, umas pensam que elas estão num hospício, outras que estão mortas e outras ainda acreditam que elas estão presas”, diz Fernanda Cunha.

 

Com a peça tendo sido escrita no ano do famigerado AI-5, o dramaturgo também mescla fantasia e realidade, numa alusão ao que se vivia na época:

“A brincadeira do Bivar em misturar realidade e fantasia é colocar assuntos sérios de forma divertida. As personagens podem ser uma só, que está pensando. O autor jogou com o que estava acontecendo na época, mas ele tinha esperanças, pensava sobre a importância do ser naquele momento”, esclarece Angela Figueiredo.

 

Além da dramaturgia envolvente e da criativa concepção cênica da montagem, a peça se destaca pela sintonia em cena de Fernanda e Angela e a sutileza com que elas trocam de papéis. A atuação de Fernando Fecchio também deve ser ressaltada: com pequenas intervenções, o ator vive vários personagens, com destaque para a versão masculina e feminina do responsável pela carceragem. Confira.

Peça: Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã, foto 3

Entrevista exclusiva; foto de Laerte Pequeno

Roteiro:
Abre a janela e deixa entrar o ar puro e o sol da manhã
. Texto: Antônio Bivar. Direção: André Garolli. Elenco: Angela Figueiredo, Fernanda Cunha e Fernando Fecchio. Trilha sonora: Branco Mello e Ricardo Severo. Iluminação: Fran Barros. Cenário: Julio Dojcsar. Figurinos: Fernando Fecchio.  Projeto gráfico: Vicka Suarez. Fotografia: João Caldas Fº. Produção executiva: Amarilis Irani.
Serviço:

Centro Cultural São Paulo, Espaço Cênico Ademar Guerra (60 lugares), Rua Vergueiro, 1000, tel. 11 3397-4002. Horários: sexta e sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos: R$ 30 e R$ 15. Bilheteria – de terça a sábado, das 13h às 21h30 e domingos, das 13h às 20h30. Vendas: www.ingressorapido.com.br ou pelo telefone 4003-1212. Classificação: 14 anos. Duração: 75 minutos. Temporada: até 23 de setembro.


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