De Maurício Mellone em fevereiro 27, 2012
Se o espectador não estiver muito atento, as primeiras cenas de Albert Nobbs já se desenrolam e não se percebe a participação de Glenn Close, graças à perfeição na caracterização da atriz para dar vida ao garçom Albert Nobbs, que trabalha num hotel, em Dublin, Irlanda.
Num ritmo bem aos moldes do século XIX, sem a agitação característica de hoje, a trama se desenvolve dentro do hotel, com a nítida divisão de classes: de um lado o glamour e ostentação dos hóspedes e de outro a dura e trabalhosa vida dos serviçais. Nobbs não passa por nenhum contratempo até a chegada do pintor de paredes Mr Page, que por falta de acomodação precisa dividir o quarto com ele. O garçom pela primeira vez teme que seu segredo venha a ser revelado.
A cena em que Nobbs entra no quarto para dormir com um estranho é um misto de tensão e ironia. Tendo o público como cúmplice, o garçom não se despe para dormir; mas começa a se coçar de tal maneira que é preciso tirar a roupa para pegar a pulga que o atormenta. Nesta hora o pintor descobre que o dono do quarto na verdade é uma mulher. A tensão perdura até o outro dia, quando Mr. Page revela também ser mulher — Janet McTeer foi indicada à estatueta de melhor atriz coadjuvante.
Se até então o roteiro se restringia ao dia-a-dia do hotel, o drama da vida de Nobbs e Page ganha força a partir deste encontro. O garçom não sossega até saber tudo sobre a vida do amigo, que conta que é casado com a mulher dos seus sonhos, mas que já tinha sofrido muita violência e discriminação no passado. A falta de identidade de gênero é comum aos dois. A partir daí, Nobbs, que guarda todos os seus rendimentos para adquirir uma tabacaria, admite estar apaixonado por Helen (Mia Wasikowska), uma funcionária do hotel, e a convida para sair. Ela, incentivada pelo interesseiro namorado, aceita o convite Nobbs, assim como todos os presentes que ele lhe dá. Este conturbado triângulo amoroso e suas ramificações define o desfecho de Albert Nobbs.
Além da brilhante atuação, Glenn Close divide a autoria do roteiro com John Banville e Gabriella Prekop, além de ter participado da produção do filme.
Fotos: divulgação
4 Comentários
Luiz Carlos Líbano
abril 1, 2012 @ 19:23
Maurício, vi o filme e considero um dos trabalhos mais sutis, delicados e dolorosos na composição da maravilhosa Glenn Close. Meryl Streep realmente mereceu o Oscar, mas o trabalho de Glenn é sutil, composto de minúcias e de uma profundidade impressionantes. Sua resenha tocou em pontos bem significativos, foi bem pertinente.
Excelente sugestão do blog. Que as pessoas tenham oportunidade de ver um trabalho tão tocante.
Maurício Mellone
abril 2, 2012 @ 16:29
Luiz:
Realmente, o trabalho de composição de Glenn Close em Albert Nobbs é
impressionante!
Que bom q vc gostou da minha indicação!
bjs
Rodrigo Laufen
março 1, 2012 @ 22:37
Eu fiquei mesmo procurando por ela …. hehehe
O filme em si achei meio sem graça, mas não deixa de ser uma lição de vida.
Visita meu Blog…. http://yogadopensamento.blogspot.com
Abraços!!
Maurício Mellone
março 2, 2012 @ 10:15
Rodrigo:
A Glenn Close realmente fez uma belo trabalho em Albert Nobbs; além da
interpretação impecável, participou do roteiro e da produção do filme!
Vou te visitar lá no blog
abr