De em julho 27, 2010
Quem conhece o trabalho da Companhia Razões Inversas, dos sucessos como Senhorita Else, A Bilha Quebrada e principalmente Agreste, já sabe o que esperar de Anatomia Frozen. Novamente Marcio Aurelio reuniu no palco os fabulosos Joca Andreazza e Paulo Marcello (de Agreste) para contar essa instigante história, que mescla três narrativas: a psiquiatra que escreve uma tese sobre o comportamento de assassinos em série, o pedófilo condenado a prisão perpétua e a mãe de uma das vítimas do prisioneiro.
Num cenário totalmente asséptico e cirúrgico, os atores também aparecem de branco e ficam congelados: enquanto o prisioneiro (Joca) relata suas experiências, a psiquiatra (Paulo) está imóvel no ponto oposto a ele; a posição se inverte quando o público toma conhecimento do estudo da médica. Não há diálogo o que torna mais tensa a trama, principalmente quando o autor disseca a psicopatia social. Com exemplos de assassinatos tão bárbaros e horripilantes ocorridos ultimamente no Brasil, o texto de Lavery (traduzido por Rachel Ripani) torna-se ainda mais pungente e corrosivo.
A direção de Marcio Aurelio, que também responde pela iluminação, cenário e trilha sonora, é sensível e criativa, merecedora de todos os prêmios recebidos. O espetáculo terminou a temporada em São Paulo no último domingo — corri para não perder a derradeira apresentação por aqui e saí de lá em estado de graça! Mas a peça continua sua carreira pelo país e deve voltar aos palcos paulistanos em breve, principalmente porque a companhia está completando 20 anos e os atores prometeram, nos agradecimentos finais no último domingo, que farão uma mostra do repertório deles em 2011.
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