Livro: Lucy Dias escreveu sobre os anos 70, foto 1

Anos 70: Enquanto Corria a Barca – livro de Lucy Dias esmiúça uma década

De em julho 8, 2013

Livro: Lucy Dias escreveu sobre os anos 70, foto 1

Lucy Dias é jornalista e escritora e vive hoje em Trancoso, litoral sul da Bahia

Geralmente aqui no Favo faço indicações de livros, peças teatrais, filmes, shows, espetáculos de dança e exposições que acabam de ser lançados. No entanto, no caso do livro-reportagem de Lucy Dias é diferente: mesmo tendo sido lançada em 2003, pela Editora Senac São Paulo, trata-se de uma obra atemporal e fonte inesgotável de pesquisa e análise. A segunda edição saiu pela Biblos Editora Digital e os interessados podem adquirir o livro pela internet.
Anos 70: Enquanto Corria a Barca faz um balanço criterioso de um período da história recente no Brasil e, como diz Antonio Bivar na orelha, este livro é o registro de uma período

 

“Como já se passaram trinta anos, dá para encarar a coisa com distanciamento crítico e comparar o que foi e o que se fez com o que é e o que se faz hoje. O livro da Lucy, como documentário explícito de uma época, é tudo”, diz o escritor.

E hoje, 10 anos da publicação da obra, e com o país revivendo um momento de manifestações de rua, numa explosão de democracia e reivindicações, a leitura deste livro pode contribuir ainda mais para um estudo comparativo. Lutamos hoje por melhorias sociais, sim, mas sabemos que houve um progresso neste país, principalmente com relação aos costumes, ao modo de vida da sociedade. O livro de Lucy Dias retrata os anos de chumbo com riqueza de detalhes e pode ajudar-nos a refletir sobre a nossa realidade atual, da segunda década do século XXI.

Livro: Lucy Dias, foto 2

Capa da segunda edição do livro lançado pela Biblos Editora Digital

A escritora, que militou na imprensa brasileira especializando-se na área de comportamento e entrevistas, com Anos 70: Enquanto Corria a Barca só ampliou seu ramo de atividades. Em 15 capítulos, ela destrincha uma década, mas faz questão de ressaltar que é uma reportagem subjetiva:

O caminho percorrido seguiu a rota incerta do que chamo uma ‘reportagem subjetiva’ sobre o comportamento de uma época. Busquei captar o invisível e seu contrário. É uma investigação subjetiva por colocar no alvo o cerne imaterial da memória, para dele tentar extrair experiências de vida; menos preocupada em identificar quem viveu do que em transmitir o que foi vivido e estava sendo narrado”, explica Lucy Dias.

 

A radiografia minuciosa dos anos 70 claro que tem início com a descrição da revolução dos costumes dos anos 60, com o advento da pílula anticoncepcional. Lucy, por intermédio dos depoimentos de seus entrevistados, vai então caminhando pela década, relatando o movimento da contracultura no Brasil, a vida dos hippies, como o consumo disseminado das drogas foi um posicionamento político e um desafio ao sistema autoritário vigente, a resistência política, o incremento do movimento feminista, a discussão do casamento aberto e o depoimento pulsante de gays relatando tanto a dificuldade de se assumir perante a família e a sociedade repressora da época como gays assumidíssimos do grupo Dzi Croquetes e depois Ney Matogrosso dos Secos e Molhados revolucionaram o comportamento social de uma geração. A escritora fecha seu livro mostrando como a ditadura e os militares tiveram de ceder e conceder a abertura política e a anistia.

 

Livro: Lucy Dias foto 3

Lucy foi editora de comportamento de diversas publicações e hoje se dedica à literatura

Com uma linguagem clara, sem rodeios, intercalando com os depoimentos sempre muito sinceros, bem-humorados e fidedignos, Lucy é muito criteriosa e cita exemplarmente suas fontes, não se esquecendo de ninguém.
Outro recurso usado pela autora que ajuda ainda mais a elucidar aquele período da história brasileira é o uso de canções da época. Começando pelo título do livro que se utiliza de um verso de uma música dos Novos Baianos, Lucy reproduz as letras das músicas em trechos cruciais da narrativa e do momento histórico citado. Assim as músicas Pra frente Brasil (Dom e Ravel), Ouro de Tolo (Raul Seixas), Ferro na Boneca (Novos Baianos), O Vira (João Ricardo e Luli), Meu Amigo Pedro (Paulo Coelho e Raul Seixas), Samba do Orly (Vinícius, Toquinho e Chico Buarque), Cálice (Gilberto Gil e Chico Buarque), Tanto Mar (Chico), Angélica (Chico e Miltinho), Realce (Gil), E Vamos à Luta (Gonzaguinha), Chega Mais (Rita Lee e Roberto de Carvalho) e Expresso 2222 (Gil) contribuem para o painel da década de 70.
Os entrevistados do livro Anos 70: Enquanto Corria a Barca, de acordo com a autora, são brasileiros e brasileiras que estavam na época na faixa de 20 a 30 anos. O depoimento destas pessoas pode ajudar a compreender a realidade brasileira, na medida em que é possível comparar o que se viveu na década de 70 e o que hoje as pessoas reivindicam nas ruas.  No entanto, o sonho de um país mais justo e igualitário permanece o mesmo!
Fotos: divulgação


4 Comentários

aline

julho 9, 2013 @ 00:11

Resposta

Li esse livro há uns 2 anos atrás… é bárbaro!

Maurício Mellone

julho 9, 2013 @ 14:08

Resposta

Aline:
é a sua cara!
Os anos 70 sob o olhar das pessoas q viveram aquele
período! VC adora esta época, imagino o qto deve ter curtido
o livro da Lucy!
bjs

Vera

julho 8, 2013 @ 23:07

Resposta

Adorei o livro da Lucy! Muito bem escrito. Entendi minhas origens!

Maurício Mellone

julho 9, 2013 @ 14:10

Resposta

Vera, querida:
Vc já tinha me dito que havia lido e adorado o
livro da Lucy!
Demorou pra conseguir terminar de ler,
mas adorei tb e quis dar um toque aqui no Favo
fazendo a relação com a mudança q o Brasil passa hoje em dia!
bjs saudosos

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