De Maurício Mellone em fevereiro 7, 2018
Em intensos sessenta minutos, uma pequena plateia de 45 pessoas é envolvida numa intrincada história de amizade entre os escritores norte-americanos Henry James e Constance Woolson. Este o mote central da peça de Marina Corazza, Aproximando-se de A Fera na Selva, em cartaz no Espaço Cênico Ademar Guerra do Centro Cultural São Paulo , que acabou de ser reaberto depois de uma reforma.
Dito desta forma, parece que a trama é linear; no entanto a história é composta de três níveis narrativos, como afirmam Helô Cintra e Gabriel Miziara na entrevista exclusiva à TV MELLONE. “São três narrativas, a do escritor e da escritora, a dos personagens de suas obras e a de um ator e de uma atriz que narram a trama”, explica Helô, no que recebe a ajuda de Gabriel: “Nós dois saímos praticamente juntos da escola de teatro e temos anos em comum dentro do palco, o que favorece este lugar narrativo da peça”. Com direção de Malú Bazán, o espetáculo cumpre temporada até 11/03, com ingressos gratuitos.
Com figurino básico na cor cinza, Helô e Gabriel no início da peça fazem um pequeno resumo da trama. A partir daí compõem seus personagens utilizando pequenos adereços e peças de vestuário, além de manipularem as cortinas do cenário indicando os tempos narrativos. Aos poucos o espectador entra no jogo cênico e embarca na comovente história de amizade entre um homem e uma mulher. Esta relação de profunda cumplicidade perpassa tanto a vida dos escritores Henry James e Constance Woolson, como a história dos personagens das obras de ambos e a sintonia dos dois atores/narradores.
Marina Corazza criou a peça tendo como base a novela A Fera na Selva, de Henry James, o romance biográfico O Mestre, de Colm Tóibín sobre Henry James, a biografia de Constance Woolson de Anne Boyd Rioux, além de contos da escritora norte-americana. A direção partiu desta dramaturgia não linear e desta relação de amizade em que o amor e o sexo não se estabelecem:
“De uma dramaturgia sobre o não dito, fomos construindo imagens para dialogar com essa história. A história de dois personagens de um romance, a história de um homem e uma mulher, a história de dois escritores, a história de um ator e uma atriz. Com pinceladas destas histórias, uma ao lado da outra, abrimos espaço para que o espectador complete este quadro”, diz a diretora Malú Bazán.
Espetáculo sensível, envolvente, que fala tanto da amizade entre duas pessoas como da solidão existencial destes personagens, que no fundo é o sentimento tão comum a todos nós neste confuso século XXI. Além da criativa concepção cênica de Bazán, da comovente dramaturgia de Marina Corazza, o perfeito jogo dramático de Helô e Gabriel é o grande destaque da montagem. Não deixe de assistir, os ingressos são gratuitos.
Roteiro:
Aproximando-se de A Fera na Selva. Texto: Marina Corazza. Direção: Malú Bazán. Assistência de direção: Carolina Fabri. Elenco: Gabriel Miziara e Helô Cintra. Cenário: Malú Bazán e Renato Caldas. Figurino: Mareu Nitzchke. Música original: Daniel Maia. Fotos João Caldas Fº. Realização: Canto Produções e MeiMundo.
Serviço:
Centro Cultural São Paulo, Espaço Cênico Ademar Guerra (45 lugares), Rua Vergueiro, 1000, tel. 11 3397-4002. Horários: de quinta a sábado às 21h e domingo às 20h. Ingressos: gratuitos (retirada 1 hora antes nas bilheterias). Duração: 60 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 11 de março.
2 Comentários
Gabriel Miziara
fevereiro 7, 2018 @ 12:13
Querido!
Muito obrigado pelas lindas palavras, pelo olhar sensível e generoso!
Sucesso pra você!
Bjo enorme
Maurício Mellone
fevereiro 7, 2018 @ 15:30
Miziara,
fico muito feliz q tenha curtido minha
resenha sobre a peça em que vc e a Helô
são os protagonistas.
Parabéns mais uma vez e sucesso na temporada
bjs