De Maurício Mellone em outubro 4, 2018
Depois de curta temporada no Teatro Sergio Cardoso, reestreia nesta sexta, no Teatro Municipal Cacilda Becker, o espetáculo A[R]MAR, inspirado no conto do escritor argentino Julio Cortázar, Manuscrito achado num bolso.
Com dramaturgia e direção de Paulo Azevedo, Rita Pisano e Bruno Perillo vivem no palco Ela e Ele, que, num jogo de esconde esconde a partir de um primeiro encontro numa estação de metrô, revivem fatos da vida amorosa de um casal. Tudo começa com o homem, na plataforma do metrô, colocando em prática as regras que criou para um jogo que visa encontrar a mulher de sua vida. É possível controlar os sentimentos? A vida é um eterno jogo? Amar é armar estratégias para se viver? Amar e desamar são polos da mesma moeda? Estas e muitas outras questões constituem a proposta cênica deste novo trabalho da Suacompanhia.
Estabelecido o rito cênico, Ele explica as regras do jogo que criou para encontrar a mulher da sua vida, assim como o conto de Cortázar, em que um homem cruza o seu olhar com o de uma mulher no reflexo da janela do metrô. A partir daí, Ele e Ela começam o jogo do encontro e desencontro, o jogo do olhar e desviar o olhar, o da aproximação e repulsa, o jogo de amar e desamar. O espetáculo é formado por 15 pequenas cenas em que os dois personagens ora dialogam com o público, ora falam consigo mesmos, ora contracenam. Com um discurso nada linear, o espectador é incitado a criar a história daquele homem e daquela mulher e, ao mesmo tempo, refletir sobre a sua própria vida afetiva e amorosa.
“O conto me provocou a pensar a metáfora do jogo da vida com o próprio jogo cênico. É possível armar estratégias para o amor? Abordar as relações, sejam de que natureza for, com as suas inúmeras combinações e possibilidades, é um desafio que sempre me acompanhou na minha carreira. Mas talvez A[R]MAR tenha sido e continua sendo uma maneira mais profunda de encarar a vulnerabilidade humana diante do suposto controle da vida”, argumenta o diretor Paulo Azevedo.
A partir do mote da obra do escritor argentino, a dramaturgia criada pelo diretor e pelos atores envolve o público desde a entrada, o espectador se sente como mais um elemento daquele jogo da vida reproduzido em cena. Cenário, luz, trilha, vídeos corroboram para o êxito da montagem. E o grande destaque fica para a sintonia de interpretação de Rita e Bruno, que se entregam aos personagens de corpo e alma.
Espetáculo de grande impacto, que precisa interagir com um número maior de pessoas. Que esta segunda temporada não seja a última!
Roteiro:
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