Lisandro Leite, Júlia Marques e Mário Goes vivem inusitado triângulo amoroso

Terceiro espetáculo do Grupo ARCA, Benjamin — com temporada prevista até final de fevereiro no Viga Espaço Cênico — discute a relação criada entre os homens e os cães.

Com texto e direção de Arthur Haroyan, que é de origem armênia e está radicado no Brasil, a trama revela o desespero de Berta, vivida por Júlia Marques, que é abandonada em plena lua de mel pelo amado e recebe o amparo e carinho de um cachorro vira lata, Benjamin, interpretado por Mário Goes. Ela, que está deprimida e prestes a cometer suicídio, no início não quer se envolver com o animal, mas como ele se mostra solícito e prestativo, Berta se afeiçoa a ele. No entanto, tudo se altera com a volta de Nöah, papel de Lisandro Leite, que tenta se reaproximar da ex-mulher.

Mário interpreta o vira lata Benjamin

A história é ambientada em Istambul, a maior cidade da Turquia, logo após um ataque terrorista. Se este incidente não bastasse, Berta é abandonada pelo marido durante a lua de mel. Deprimida e com os nervos à flor da pele, ela só vê solução no suicídio. Porém, a chegada de Benjamin provoca uma revolução: Berta transfere ao animal tudo aquilo que deseja de um homem, ou seja, carinho, proteção, atenção, companheirismo e, principalmente, amor. Benjamin corresponde a todos estes sentimentos e age como um ser humano. O espectador passa a vê-lo desta forma, tanto que eles dialogam, dançam, e brindam! Tudo se modifica com a volta de Nöah, que não se conforma com a maneira que a ex-mulher trata o animal. Ele deseja reatar o casamento e o cachorro passa a ser seu maior rival, daí o abandono, os maus tratos, a violência e o desprezo.

“A mulher enxerga no cão o que deveria existir nos seres humanos; já o marido é o oposto e a peça passa a tratar de confiança traída e de maus tratos aos animais. Escrevi esta peça baseada na história do meu cachorro que morreu de uma doença agressiva. Benjamin trata de questões ligadas à indiferença do ser humano aos animais”, afirma Arthur Haroyan.

Em parceria com ONGs ligadas à proteção dos animais, a montagem oferece ao final de cada sessão um cachorro que está disponível para adoção. Outro diferencial do espetáculo são os descontos no ingresso a quem doar ração para cães.
Com uma proposta dramatúrgica relevante, senti falta de um desfecho mais bem articulado para a trama. No entanto, o grande destaque da montagem é para a atuação de Mário Goes, que com seus trejeitos e principalmente o olhar tão expressivo imprime verdade na composição de um cachorro em cena. Os amantes de cães não podem perder.

Performance marcante do ator como um cão

Roteiro:
Benjamin. Dramaturgia, direção e cenário: Arthur Haroyan. Assistente de direção: Gu Freitas. Elenco: Mário Goes, Júlia Marques e Lisandro Leite. Preparação corporal: Sidnei Araújo. Figurinos e adereços: Willian Gama e Grupo ARCA. Caracterização: Carol Rossi. Preparação vocal e fonoaudióloga: Marília Marques Ramos. Iluminação: Georgia Ramos. Composições e interferências sonoras: Arthur Haroyan. Fotografia: Leonardo Santos. Arte gráfica: Rodrigo Briones. Vídeo: Rodrigo Briones, Wellington Oliveira.
Serviço:
Viga Espaço Cênico (73 lugares), Rua Capote Valente, 1323, tel. 11 3801-1843. Horários: quarta e quinta, às 21 horas. Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (quem doar 1 kg de ração paga R$ 20 e quem doar 2 Kg, entrada franca). Duração: 80 min. Classificação: 14 anos. Temporada: até 28 de fevereiro.