De Maurício Mellone em janeiro 13, 2025
Inspirado no filme Brilho Eterno de uma mente sem lembranças/2004 (escrito por Charlie Kaufman, dirigido por Michel Gondry e estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet), o espetáculo Brilho Eterno, já encenado em 2022, está de volta aos palcos do Teatro Bravos. A montagem dirigida por Jorge Farjalla traz no elenco Reynaldo Gianecchini e Tainá Müller nos papéis centrais, com a participação de Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian.
Com o cenário em forma de uma imensa caixa giratória, aliada a uma iluminação vigorosa e uma trilha sonora de impacto, a trama apresenta todas as fases da relação amorosa entre Jesse (Giannecchini) e Celine (Tainá), desde o encontro casual, o fascínio inicial, passando pela formalização da união até o esfriamento dos sentimentos e a separação. Impossível o espectador não se identificar com o enredo.
Um dos trunfos da direção é a forma de iniciar o espetáculo: os artistas entram individualmente entoando canções que retratam encontros amorosos. As músicas, todas conhecidas do grande público, não só introduzem o tema da peça como aquecem os espectadores para a trama a ser encenada. A conexão palco plateia se estabelece de imediato.
Segundo o diretor, a montagem atual traz sugestões da produção cinematográfica, mas as relações humanas passaram por transformações desde o lançamento do filme há 21 anos — temas como machismo, misoginia e questões da comunidade LGBTQI+ hoje estão muito mais presentes —, além do advento da pandemia, que provocou mudanças nas relações amorosas.
“Jesse e Celine têm como referência os personagens do filme. Mas a partir daí criamos um novo texto que obviamente traz elementos e o fio condutor do original, mas com outros personagens e situações diversas em torno dos protagonistas”, esclarece Jorge Farjalla.
Mais que o retrato da relação amorosa dos protagonistas, a trama mostra como Jesse e Celine passam por um processo de apagamento do sentimento (será que alguém consegue apagar um amor verdadeiro?). O espectador acompanha a tentativa “científica” deles para esquecer o relacionamento que viveram:
” Você pode até apagar um amor da mente, mas não pode apagar do coração. O brilho eterno é esse, o que não se apaga. Acredito que esta essência é a maior conexão entre a peça, o filme e o público que irá assistir ao espetáculo”, assegura Reynaldo Gianecchini.
Além de uma direção cuidadosa e do entrosamento e sintonia entre todos do elenco, o grande destaque da montagem fica para o nexo coeso entre o cenário criativo de Rogério Falcão (a caixa movida pelos artistas se transforma em diversos ambientes), a profusão de luzes proposta por Cesar Pivetti e a trilha sonora de Dan Maia. Assista, em cartaz até final de fevereiro.
Roteiro:
Brilho Eterno (inspirado no filme de Michel Gondry). Dramaturgia: André Magalhães e Jorge Farjalla. Colaboração: Victor Bigelli e Tainá Müller. Idealização e direção: Jorge Farjalla. Elenco: Tainá Müller, Reynaldo Gianecchini, Wilson de Santos, Renata Brás, Fábio Ventura e Tom Karabachian. Cenografia: Rogério Falcão. Design de luz: Cesar Pivetti. Direção musical, e trilha sonora: Dan Maia. Figurino: Jorge Farjalla. Visagismo: Eliseu Cabral. Fotografia: Priscila Prade. Produção: Palco 7 Produções, Solo Entretenimento e Erregedois Produções Artísticas e Culturais.
Serviço:
Teatro Bravos (636 lugares), Rua Coropé, 88, tel. 11 99008-4859. Horários: sexta às 21h, sábado às 17h e 21h e domingo às 18h. Ingressos: de $180 a $25. Vendas: bilheteria e Sympla. Duração: 70 min. Classificação: 12 anos. Temporada: até 23 de fevereiro de 2025.
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