De Maurício Mellone em fevereiro 16, 2016
Num momento em que o mundo registra recordes de pessoas que deixam seus países — em razão de guerras ou por causa da miséria — para tentar a vida em outras paragens, o filme do diretor John Crowley, Brooklin, ajuda a refletirmos sobre a situação desses refugiados.
Ambientada na Irlanda dos anos 1950, a trama traz a jovem Eillis Lacey, papel de Saoirse Ronan que concorre à estatueta do Oscar de melhor atriz, com dificuldade para arranjar emprego: é balconista de um armazém somente aos domingos. Graças à ajuda da irmã Rose (Fiona Glascott) que a indica a um padre irlandês em Nova York, Eillis resolve embarcar para os EUA e tentar a vida por lá; vai para o Brooklin, bairro que abrigava inúmeros irlandeses na época. Com emprego numa luxuosa loja de artigos femininos e hospedagem na pensão da senhora Kehoe (Julie Walters), a tímida garota sofre para se adaptar, mas tudo muda a partir do momento em que conhece Tony, vivido por Emory Cohen, um jovem imigrante filho de italianos, que fica loucamente apaixonado por ela.
O roteiro de Nick Hornby é uma adaptação do romance de Colm Tóibín (também concorre ao Oscar) e toca num ponto nevrálgico para os imigrantes: mesmo com trabalho (de que não dispunha na terra natal) e hospedagem, a saudade dos familiares e da Pátria, o chamado banzo, pode comprometer todo o esforço da imigração. E Eillis passa por este momento, mas o padre (Jim Broadbent) que a acolheu aconselha a jovem a estudar e a conhecer novas pessoas. Tímida e recatada, típica garota dos anos 1950, Eillis se esforça, começa a frequentar um curso de escrituração e contabilidade e, melhor ainda, vai aos bailes organizados pela paróquia. É lá que conhece Tony: eles iniciam um namoro e ela renasce!
No entanto, acontece uma fatalidade com sua família na Irlanda, o que a faz voltar de férias, sem antes aceitar o pedido de casamento de Tony. Totalmente transformada, Eillis é recebida com entusiasmo pela mãe e pelos velhos amigos, que logo arrumam um bom emprego para ela, aparece um pretendente (Jim, interpretado por Domhnall Gleeson) e todos tentam fazer com que ela adie sua volta ou até desista de sua vida na América. Eillis sente-se dividida e começa a rever toda a sua trajetória. O desfecho com a decisão da protagonista é o grande trunfo de Brooklin — também concorrente ao Oscar de melhor filme—, que envolve plenamente o espectador.
Uma delicada e bem estruturada história de amor, com uma perfeita caracterização de época.
Fotos: divulgação
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