Cabeça de Papelão: de volta para comemorar 15 anos da Cia da Revista

De em setembro 27, 2012

Antenor, personagem central da peça, já com sua nova cabeça

Para celebrar 15 anos de atividades e três da nova sede, o MINITEATRO, a premiada Cia da Revista reestreou na semana passada a comédia Cabeça de Papelão, inspirada no conto O Homem da Cabeça de Papelão do jornalista carioca João do Rio. Com dez atores e dois músicos em cena, a montagem retrata a trajetória de vida de Antenor, um homem que se sente excluído da sociedade em que vive, o País do Sol, justamente por dizer sempre a mais pura verdade. Ele tem problemas amorosos, profissionais, financeiros e morais por praticar o bem e dizer o que sente. Descobre que para se adaptar às imposições do mundo é preciso mudar de cabeça: vai ao relojoeiro e deixa sua cabeça para consertar e leva uma de papelão. Antenor, depois desta troca, é reconhecido pela sociedade e conquista dinheiro, poder, amor e fama.
A pequena plateia é conduzida à sala e se acomoda em dois praticáveis em paralelo, deixando uma faixa no meio onde as cenas acontecem. Em clima de teatro de revista e carnaval, o enredo é permeado por canções e marchinhas satíricas. O diretor Kleber Montanheiro, que assina o cenário, figurino e iluminação, utiliza diversos recursos e linguagens para contextualizar o universo de Antenor, o ‘desajustado’ socialmente.

 

A idéia é que as linguagens conversem entre si, formando uma só história. Na cena em que o protagonista se apaixona pela filha da costureira, tudo vira um grande baile, com direito a gelo seco no chão e vestidos longos. Quando ele troca sua cabeça por uma de papelão, usamos um IPad, referência ao que estamos sujeitos com a tecnologia hoje em dia”, explica o diretor.

 

Em função da disposição física proposta pela montagem, os espectadores estão muito próximos dos atores, o que facilita a identidade e sintonia com o enredo. Quem já não usou uma cabeça de papelão para se adaptar a determinada situação, seja profissional, seja para lidar com a burocracia estatal?

 

Sim, eu uso. Todos nós usamos cabeça de papelão. Esta obra possibilita uma reflexão sobre a cidade que habitamos e suas possibilidades de mutações. Mas a cidade não muda, quem muda somos nós, por meio de nossos pensamentos, crenças e posições perante o mundo que nos cerca. Precisamos olhar com olhos de enxergar. Precisamos de Antenores, sem cabeça de papelão”, arremata Montanheiro.

 

Espetáculo comemora os 15 anos da Cia da Revista e traz em cena 10 atores e 2 músicos

Além de ressaltar a coesão e união dos atores em cena, outros destaques de Cabeça de Papelão ficam para a direção precisa e o envolvimento em todo o processo de criação do diretor Kleber Montanheiro e para a trilha sonora envolvente, criada por Adilson Rodrigues. Uma última dica: fique atento ao início do espetáculo e descubra de onde vêm as vozes que cantam a música Cabeça.
Parabéns e vida longa à Cia da Revista!

Fotos: Leonardo Vaz 


2 Comentários

aline

setembro 27, 2012 @ 17:46

Resposta

como sempre, seu texto é impecável!!!!! bjus

Maurício Mellone

setembro 28, 2012 @ 14:18

Resposta

Aline:
Obrigado!
A Deborah (assistente de direção da Cia da Revista)
foi muito atenciosa e tb gostou da resenha!
Que mais gente goste da resenha e principalmente da peça Cabeça de Papelão!
bjs

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