Peça: Madame Satã, foto 1

Cartas a Madame Satã ou eu me desespero sem notícias suas: últimos dias

De em abril 9, 2015

Peça: Madame Satã, foto 1

Sidney Santiago interpreta diversos personagens gays que relatam suas experiências amorosas

Em suas últimas apresentações — só até o dia 16/04, no Espaço Cultural Casa Livre —, o espetáculo Cartas à Madame Satã ou me desespero sem notícias suas faz um grande painel sobre a afetividade entre os homens gays negros que vivem numa metrópole como São Paulo. O ator Sidney Santiago interpreta diversos personagens: dentro de um quarto repleto de adereços e elementos cênicos, ele vai incorporando gays que escrevem suas tristes histórias de amor em cartas endereçadas à figura mítica de Madame Satã, travesti que viveu em meados século XX  e é considerado ícone da vida noturna e marginal do Rio de Janeiro.

Peça: Madame Satã, foto 2

Sidney recepciona o público no hall do teatro

Com dramaturgia de José Fernando de Azevedo e direção de Lucélia Sergio, a peça é resultado de extensa pesquisa desenvolvida pelo grupo em casas noturnas, presídios e locais de encontro da comunidade LGBT, além da campanha pela internet em que gays negros escreveram relatando suas experiências amorosas.
Para a diretora, a pesquisa para criar o espetáculo teve com o foco a homoafetividade de homens negros: a sociabilidade diante de estereótipos sexuais de virilidade que cerceiam a experiência afetiva desses gays. As entrevistas tiveram a intenção de flagrar como a afetividade e as questões do corpo se cruzam.
A peça tem início no hall de entrada, com Sidney vivendo um rapaz que resolve fazer uma declaração de amor pública ao namorado: ele vai para frente do edifício, se declara, mas nem ao menos é recebido pelo amado. O público é convidado a entrar e a cena inicial tem o desfecho no palco. A trama se desenrola com o ator trocando de figurino a cada trecho de história relatado. O que une todos os relatos é o desencontro, a desilusão amorosa e o sofrimento pelo preconceito (discriminação dupla, por ser negro e gay).
O grande destaque de Cartas à Madame Satã é sem dúvida para a interpretação de Sidney Santiago, que tem a chance de interpretar uma gama dos mais diferentes tipos. No entanto, justamente por trazer um painel imenso de experiências, o ritmo do espetáculo fica comprometido. Senti certo descompasso e falta de um fio condutor entre as histórias, o que não encobre o brilho, o carisma e o talento do ator.

Fotos: Pablo Rodrigues

Peça: Madame Satã, foto 3

Peça é resultado de pesquisa e de cartas de gays negros

Roteiro:
Cartas a Madame Satã ou eu me desespero sem notícias suas
. Dramaturgia: José Fernando de Azevedo. Direção: Lucélia Sergio. Elenco: Sidney Santiago Kuanza. Direção de arte: Antonio Vanfill. Trilha sonora: Dani Nega. Preparação vocal: Frederico Santiago. Preparação corporal: Janette Santiago. Direção de produção: Eneida de Souza. Atores colaboradores no vídeo: Vitor Bassi e Luís Navarro.
Serviço:
Espaço Cultural Casa Livre (35 lugares), Rua Pirineus, 107, tel. (11) 3257-6652. Horários: de segunda a quinta, às 21h. Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00. Temporada: até 16 de abril.


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