Peça: Chão de Pequenos, foto 1

Chão de Pequenos: montagem mineira discute abandono parental e adoção

De em setembro 27, 2019

Peça: Chão de Pequenos, foto 1

Ramon Brant e Felipe Soares protagonizam espetáculo da Companhia Negra de Teatro

Depois de percorrer festivais de teatro no Brasil e no exterior e ter passado por diversas cidades brasileiras, o espetáculo Chão de Pequenos, da Companhia Negra de Teatro, de Minas Gerais, cumpre curta temporada em São Paulo: permanece no Auditório do Sesc Pinheiros só até o dia 12 de outubro, coincidentemente no dia da criança!

Com direção de Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati, a trama mostra o cotidiano de dois adolescentes, Lucas Silva, branco de 15 anos, vivido por Ramon Brant, e Pedro Henrique, negro de 16 anos, interpretado por Felipe Soares. Ambos abandonados pelas famílias, eles vivem entre orfanatos e as ruas das grandes cidades, o que não impede o forte vínculo de afeto e carinho criado entre eles.

Peça: Chão de Pequenos, foto 2

Espetáculo rico em coreografias

 

 

 

 

Com dramaturgia inspirada em histórias reais recolhidas em pesquisa e entrevistas com famílias com histórico de adoção — alguns depoimentos são ouvidos no decorrer do espetáculo —, a peça já começa com os garotos dançando enquanto se ouve estas falas sobre adoção de crianças. Tendo como cenário somente duas caixas de metal etiquetadas com seus nomes, que funcionam como depositários da vida destes garotos, Lucas e Pedro Henrique aos poucos vão contando suas experiências de vida, que são muito parecidas já que ambos foram abandonados por seus pais e vivem entre a rua e o orfanato. A vida destes dois rapazes são também muito semelhantes a de milhares de crianças e adolescentes que sofrem do abandono parental por este país.

 

 

“Acredito que o espetáculo contribui para que o tema da adoção tenha mais visibilidade e que a discussão se estabeleça também por meio da arte. A peça é, antes de tudo, sobre amizade, sobre o encontro e o cuidado com o outro. Sobre querer ser visto em um mundo de visão anestesiada. Existimos por causa dos outros, para os outros, por nós”, argumenta Ramon Brant.

 

 

 

Além do abandono, outra questão levantada pelo espetáculo é o racismo. Na maioria dos casos, quem deseja adotar dá preferência às crianças pequenas e pior, as brancas.

 

 

“No espetáculo abordamos o fato de negros serem mais preteridos do que os brancos no momento de uma adoção”, conta Felipe Soares, que ao lado de Ramon também contribuíram com a dramaturgia.

 

 

Peça: Chão de Pequenos, foto 3

Além do abandono, trama denuncia racismo

 

Mais do que denunciar o abandono e o racismo, Chão de Pequenos valoriza o amor e a amizade entre os dois adolescentes. A cena em que Lucas e Pedro dividem um pedaço de pão — não há uma palavra, só o gesto e troca de olhares — é extremamente delicada, emocionante. Outro ponto alto da montagem é a movimentação coreográfica, além da sintonia dos dois jovens atores. Destaque ainda para a sensível direção cênica e para a iluminação. Programe-se, a temporada é curta.

 

 

 

 

Roteiro:
Chão de Pequenos
. Concepção e atuação: Felipe Soares e Ramon Brant. Direção: Tiago Gambogi e Zé Walter Albinati. Dramaturgia: Coletiva, com textos de Ana Maria Gonçalves, Felipe Soares e Ramon Brant. Provocação dramatúrgica: Grace Passô. Direção de movimento e preparação corporal: Tiago Gambogi. Iluminação: Cristiano Diniz. Trilha sonora original: GA Barulhista. Figurino: Bárbara Toffanetto. Cenografia: José Soares da Cunha e Zé Walter Albinati. Projeto gráfico: Estúdio Lampejo e Ramon Brant. Fotografia: Lucas Brito e Matheus Soriedem. Direção de produção: Gabrielle Araújo. Produção: Caboclas Produções. Realização: Companhia Negra de Teatro.
Serviço:
SESC Pinheiros, Auditório (98 lugares), Rua Paes Leme, 195, tel. 11 3095.9400. Horários: de quinta a sábado às 20h30; dias 21/09 e 12/10 sessões às 18h. Ingressos: R$ 25, R$ 12,50 e R$ 7,50. Bilheteria: de terça a sábado das 10h às 21h; domingo e feriado das 10 às 18h. Duração: 55 min. Classificação: 12 anos. Temporada: até 12 de outubro.


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