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Chuva não. Tempestade!- embate de duas mulheres que amam o mesmo homem

De em junho 10, 2016

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Cynthia Falabella vive a cabeleireira Teresa e Natalia Gonsales é a empresária Simone

Uma tempestade, física e emocional, desaba sobre a vida de duas mulheres. Este o mote da peça de Franz Keppler, Chuva Não. Tempestade!, em cartaz no Teatro Eva Herz e que mostra o embate da empresária Simone, interpretada por Natalia Gonsales, que no dia de seu casamento vai se preparar no salão de beleza de Teresa, vivida por Cynthia Falabella. Ambas amam o mesmo homem e naquele dia de chuvas torrenciais na cidade elas ficam ilhadas no salão e são obrigadas a rever suas vidas, seus amores, suas dores e frustrações. O interessante da trama é o jogo de aparências estabelecido entre as duas: Teresa é amante de Hugo há quatro anos e sempre soube da namorada dele; já Simone descobriu a existência da outra a uma semana do casamento. Quando elas se encontram, nem todas as verdades são reveladas, há o que é dito, mas há mágoas e ressentimentos que são compartilhados apenas com o público.

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As personagens de Natalia e Cynthia se relacionam com Hugo

A trama tem início com Teresa arrumando a sala de sua casa, que funciona como salão de beleza, e colocando baldes nas goteiras. Simone chega e pede para ser atendida, pois o salão em que frequenta está sem eletricidade. O estranhamento é recíproco: a cabeleireira, que já conhece a rival, não tem como recusar trabalho e a empresária usa a chuva como desculpa para ir ao salão da amante de seu noivo.
Partindo deste triângulo amoroso, o autor também discute outras questões, como a opressão feminina, o amor causando dores, a maternidade e o casamento como uma convenção social, além de utilizar dois ícones femininos, já que a empresária tem o nome em homenagem à filósofa e feminista Simone de Beauvoir e a cabeleireira foi batizada com o nome da santa Teresa D´Avila. Há ainda a citação a um dos contos do livro A Mulher Desiludida, da escritora francesa, em que uma esposa aceita que o marido tenha uma amante para que eles permaneçam juntos:

“A referência à Simone de Beauvoir traz uma busca pela libertação e ao mesmo tempo eu pretendia trazer uma oposição a esse personagem feminista. Achei interessante e simbólico também colocar essa mulher que tem nome de santa por sua mãe achar que assim teria uma vida mais abençoada em contraposição à empresária bem-sucedida”, explica o dramaturgo.

 

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Guilherme Mazzei é o contraponto masculino entre as rivais

A participação de Guilherme Mazzei (assistente de direção) ajuda a pontuar a trama: ele está em cena desde o início, toca alguns instrumentos e representa o contraponto masculino no embate das duas mulheres. O que mais chama a atenção é mesmo o jogo entre Teresa e Simone: alternando a iluminação, a direção pontua os diálogos reais existentes entre elas e aqueles restritos a cada uma delas; o que é dito e o que elas gostariam de dizer. Este jogo dramático se dá graças à sintonia das atrizes em cena.
Programe-se: o espetáculo é apresentado somente quartas e quintas, até o final do mês.

Fotos: Cosmo Anastasi


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