Peça: As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo, foto 1

Cia Provisório-Definitivo apresenta relatos de jovens sobre guerra

De em março 2, 2013

Peça: As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo, foto 1

Cia Provisório-Defitinivo em processo colaborativo com o diretor Nelson Baskerville criaram esta peça-documentário

Partindo de relatos coletados nos livros Diários de Guerra – Vozes Roubadas (de Zlata Filipovic e Melanie Challenger) e no Diário de Anne Frank, os atores da Cia Provisório-Definitivo (Carlos Baldim, Paula Arruda, Pedro Guilherme e Thaís Medeiros) em conjunto com o diretor Nelson Baskerville conceberam o que eles chamaram de peça-documentário. Em As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo — em cartaz no SESC Consolação, Espaço Beta, somente segundas e terças — o espectador tem contato com histórias de crianças e de adolescentes que sofreram com os mais variados conflitos ocorridos no mundo, desde histórias da Primeira Guerra Mundial, da guerra do Vietnã, da Segunda Guerra Mundial, dos eternos conflitos do Oriente Médio, assim como as agruras vividas em Cingapura, da invasão do Iraque até a nossa guerra atual de traficantes nas periferias das cidades brasileiras. O grande objetivo do espetáculo é, por intermédio da visão do jovem que sofreu na carne o terror irracional da guerra, provocar uma reflexão sobre o que leva o Homem a viver constantemente em situação de conflito.

Peça: As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo, foto 2

Com vídeos e textos projetados, o espectador tem contato com as histórias tristes dos jovens

Literalmente enjaulados com telas transparentes no espaço cênico, os atores intercalam os relatos das crianças e adolescentes, sem se preocupar com a ordem cronológica e histórica dos acontecimentos; assim, com o auxílio de vídeos com reportagens e filmes de guerra e textos projetados na tela, o espectador vai se inteirando da triste e dolorida realidade daqueles jovens.
E para que não ficasse somente com histórias do exterior, o diretor sugeriu que a peça trouxesse um relato brasileiro: do documentário Jardim Ângela de Evaldo Mocarzel, a peça recupera o relato dolorido do jovem Washington, que sofre duplamente, de um lado com a pressão do tráfico e de outro com a discriminação policial.

 

“Era importante trazer esse tema da guerra também para os trópicos, com o objetivo de questionarmos sobre qual é a guerra de cada um”, diz Nelson Baskerville.

 

O maior destaque da montagem é sem dúvida sua plasticidade. Além das telas transparentes e caixas com múltiplas funções que dão um caráter lúdico e onírico ao ambiente, a iluminação é outro elemento fundamental para a narrativa: os atores levam pequenos holofotes na cabeça que são acesos e desligados para marcar as falas. O figurino, que mistura elementos infantis e adultos, e a pesada maquiagem completam o visual da peça, que provoca um distanciamento intencional entre a narrativa e o público:

 

“O espectador, colocado dentro desta ‘caixa de guerra’, é levado a pensar sobre os conflitos. Quem causa a guerra somos nós, pela posse, pela propriedade. Queremos algo que é do outro e vamos tomar à força”, argumenta o diretor.

 

Os atores, no programa da peça, sustentam que desejam com As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo indagar qual o papel de cada um de nós no processo evolutivo da sociedade:

“Estas histórias falam sobre os seres humanos. Independentemente de idade, territórios ou crenças, elas falam da humanidade. É isso que faz com que sejam tão próximas e tão distantes, tão coerentes e ao mesmo tempo tão absurdas, tão belas e pavorosas”.

 

Sem dúvida a montagem é corajosa justamente por lidar com um tema tão duro e terrível como a guerra. Senti certo incômodo com o distanciamento proposto pela montagem, mas saí da sala de espetáculo impactado. Não deixe de conferir, mas fique atento: a peça é apresentada somente às segundas e terças, até o dia 19 de março.

 

Fotos: Ligia Jardim


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