Cida Moreira em A Dama Indigna

De em fevereiro 14, 2011

Cida Moreira como a cantora de cabaré, no show A Dama Indigna

Para marcar o lançamento do álbum A Dama Indigna, pelo selo Joia Moderna, Cida Moreira não podia ter escolhido local melhor. Na última sexta e no sábado a cantora se apresentou no Auditório Ibirapuera, uma das casas mais bem equipada da cidade e dedicada exclusivamente à música.
O show começa com texto de Zeca Baleiro que faz uma apresentação e merecida reverência à artista. Com o piano de calda ladeado de dois vasos com arranjos florais, uma profusão de gelo seco e uma iluminação que delimitava e ao mesmo tempo valorizada o instrumento e a artista, Cida entra com um vestido deslumbrante de Fause Haten. Tinha início uma noite de sonhos!
O disco retoma o mesmo tom que Cida Moreira se projetou nos anos 80: somente seu piano vigoroso e sua voz possante e envolvente. O show reproduz muito do álbum, mas vai além. Cida não é somente uma cantora, é uma atriz que interpreta canções de seus ídolos e mestres. No palco ela se entrega e vive uma cantora de cabaré: o repertório traz clássicos de Tom Waits, George Gershwin, Kurt Weill além de canções de Roberto Carlos, Gonzaguinha, Chico Buarque, Renato Barros, Jards Macalé e Caetano Veloso.
Com o público em êxtase — os fãs da cantora não são de encher estádios, mas em compensação conhecem tudo sobre sua carreira e seguem-na em qualquer apresentação —, Cida no decorrer das músicas lança mão de elementos cênicos, que só enaltecem o tom de cabaré do show. Ela declama poemas e textos antes de iniciar algumas músicas; de outras vezes, despedaça uma rosa com os dentes, depois corta um charuto com a boca e cospe para o centro do palco e por último quebra taças (de água) depois de se refrescar! Pura encenação e deleite! Ela mesma ri do personagem que cria!
Não contive as lágrimas em diversos momentos. Sua interpretação para O ciúme de Caetano Veloso é simplesmente divida. Os grandes intérpretes têm essa característica: ao darem sua versão para determinadas músicas, tornam-se coautores. Esse é o caso, assim como Summertime, de Du Bose Heyward e George Gershwim: Cida divide a autoria dessas canções!
A própria estrutura do Auditório Ibirapuera, obra de Oscar Niemeyer, e a concepção do espetáculo (o piano envolto em gelo seco e luzes de várias cores), proporcionaram-me uma sensação de enlevo. Depois de voltar duas vezes graças aos insistentes apelos da plateia, Cida interpreta uma canção de Elton John que não foi gravada e sai ovacionada. Saí em estado de graça, literalmente em êxtase, como a maioria dos presentes!


6 Comentários

Maurício Mellone

fevereiro 16, 2011 @ 17:27

Resposta

Maurício:
Um pouco antes de o Sesc Paulista fechar para reforma, a Cida Moreira inaugurou uma programação Cabaré, que a curadora daquela casa, na ocasião, queria imprimir até o fechamento do prédio. Aconteceu na comedoria, no último andar, um espaço menor, deixando o público no mesmo ângulo e cara a cara com ela. Luz de velas, mesas ao redor do piano, vinho – um autêntico clima de cabaré, e o skyline de Sampa ao fundo. O repertório foi praticamente o mesmo que você citou. Ela deveria estar testando as músicas que escolheria para o cd. Quando ela interpretou “Back to black”, da Amy Winehouse, o público não resistiu e muitos, como eu, se verteram em lágrimas.
Fui com duas amigas e um amigo e no final ficamos andando pela Paulista, pois nenhum de nós queria ir para a casa, flutuando ainda ao som e ao clima de Cida Moreira
Zedu

Maurício Mellone

fevereiro 16, 2011 @ 17:30

Resposta

Zedu:
Foi exatamente dessa forma, nas nuvens, que fiquei ao sair do Auditório
Ibirapuera! Nas nuvens e no Parque, à noite, céu estrelado! Verdadeiro sonho!
Espero q Cida Moreira repita a dose: estaremos lá para ovacioná-la!
bjs

aline

fevereiro 15, 2011 @ 11:07

Resposta

Nossa querido, fiquei com muita vontade de ver esse show!!!!!!

Maurício Mellone

fevereiro 15, 2011 @ 14:29

Resposta

Aliene, querida:
A Cida está maravilhosa, como sempre!
Ainda mais q se apresenta somente ao piano!
Divino!
bjs

Fernando lemos

maio 23, 2011 @ 09:44

Resposta

Adoro a Cida,conheço seu trabalho desde Summertime,aquele vinil lilás maravilhoso,muito antes de todas essas tecnologias atuais…Porém acho que este último trabalho deixou a desejar…sim,sua voz parece cansada-isso tenho notado desde Angenor-o repertório seguindo a mesma linha do Summertime,mas com menos vigor.A interpretação co Back to Black realmente é a parte menor do cd.Parece que alguns arranjos estão muito graves pra sua voz tão potente.Espero poder voltar a curtir aquela Cida de antes…

Maurício Mellone

maio 23, 2011 @ 12:29

Resposta

Fernando:
Infelizmente a voz humana sofre desgaste com o passar dos anos. Será que não foi isso q vc notou com a Cida?
A performance teatral dela continua a mesma maravilha; o show que pude conferir no Auditório Ibirapuera
foi impecável!
Obrigado pela audiência e volte sempre a me visitar aqui.
abr

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