De em maio 14, 2012
No recém-inaugurado Teatro Santa Catarina — cuja sala leva o nome de Elias Andreato, coincidentemente o diretor da peça — acaba de estrear o monólogo inédito de Fauzi Arap, Coisa de Louco. No palco, somente o púlpito, uma cadeira e um flip chart para ajudar na explanação, elementos típicos de auditórios comerciais ou escolares. Nilton Bicuro encarna o desajeitado palestrante Firmino, um contador endividado, separado da mulher e que tem filhos, que foi contratado de última hora para fazer uma palestra sobre drogas em substituição a um delegado de polícia. Segundo ele, o delegado deve ter desistido da palestra para não perder o último capítulo da novela.
O despreparo e a falta de familiaridade com o tema a ser apresentado são confessados desde o início. Tanto que Firmino reafirma, a todo o momento, que é contador, que suas contas não estão fechando e que está ali unicamente pelo cachê. De forma anárquica e confusa o palestrante começa falando de tudo, menos do tema central, só escreve a palavra drogas no quadro.
Aos poucos Firmino começa a discorrer sobre seus problemas pessoais, suas desavenças com a ex-mulher, sua insegurança, ao mesmo tempo em que faz críticas à mania atual das pessoas estarem conectadas permanentemente à internet e ao celular, além de serem viciadas em televisão — a grade de programação das emissoras é comparada às grades de um presídio, em que o público fica preso ao que a emissora de TV determina. Ele vai se soltando e passa a defender também o uso de medicamentos controlados, “meu médico diz que estão todos medicados”. Assim, à medida que a relação do palestrante com o público se estreita, Firmino fica mais à vontade para tomar seus remédios e bebericar algo, que se subentende ser uma bebida alcoólica.
Com a voz empolada, meio grogue, o palestrante faz crítica ao uso indiscriminado das drogas ilícitas, sem se dar conta de sua dependência química.
Fauzi Arap, pela comédia e ironia, critica a sociedade contemporânea por meio dos vícios adquiridos com a agitação e efervescência tecnológica dos tempos atuais. Em Coisa de Louco destaco ainda a adequada trilha sonora de Aline Meyer e a sintonia entre Nilton Bicudo e Elias Andreato, ambos atores e diretores, para a condução do espetáculo. Detalhe: a peça é apresentada somente às terças-feiras, até 03 de julho, já que ambos estão em cartaz com outras produções (Andreato em Equus e Bicudo em A Garota do Adeus).
Fotos: Lenise Pinheiro
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