De Maurício Mellone em junho 27, 2017
Em seu primeiro longa-metragem, a atriz Leandra Leal faz uma homenagem às primeiras artistas travestis (ou transformistas) do Brasil. O documentário Divinas Divas reúne o grupo de oitos artistas — Rogéria, Valéria, Jane Di Castro, Camille K, Fujika de Holliday, Eloína dos Leopardos, Marquesa e Brigitte de Búzios — que iniciaram suas carreiras no Rival, casa de espetáculo do Rio de Janeiro fundada por Américo Leal, avô da diretora.
A trama mostra a reunião de todas elas para elaborar um show em comemoração aos 50 anos do grupo. Leandra em off diz que desde pequena frequentava o Rival com sua mãe Angela Leal e que sua lembrança é dos bastidores daquele mundo glamouroso vivido no Rival. Seu filme faz exatamente isto: revela os bastidores do teatro, desde a chegada das artistas, os primeiros ensaios, a definição do roteiro e do figurino até a apresentação para o público. Os depoimentos das oito divas são intercalados com os ensaios e seus números e, desta forma, o espectador tem a chance de conhecer a história e a importância de uma geração que revolucionou o comportamento sexual da época, num período em que a sociedade brasileira passava pela violência e a censura da ditadura militar.
Premiado pelo júri popular do Festival SXSW, no Texas/EUA, o filme começa exatamente com as artistas caminhando pela Cinelândia até a chegada ao Rival e o depoimento da diretora dizendo que as divas nunca foram estranhas a ela, sempre fizeram parte de suas melhores memórias da infância. O grupo já havia sido reunido na comemoração dos 40 anos (2004) e para festejar o cinquentenário foi criado novo show, registrado por Leandra. Mais do que filmar o espetáculo, a diretora revela todas as etapas da construção do show, com o olhar da câmera sempre dos bastidores; assim são mostrados os ensaios das coreografias, a leitura do roteiro, a caracterização de cada uma delas no camarim (figurino, maquiagem e cabelo) e até pequenas discussões entre elas na hora de criar os números coletivos. No entanto, o grande destaque do filme são os depoimentos de cada uma das artistas, que contam suas histórias de vida, suas relações com as famílias, as dificuldades de assumir a sexualidade e a carreira de transformistas naquela época tão repressora em que viviam, além de relatos sobre o sucesso de suas carreiras, do Rival para o mundo — muitas viveram e trabalharam na França e Estados Unidos. Há ainda depoimentos emocionantes sobre a vida amorosa e afetiva delas (o relato da relação de Jane Di Castro e seu companheiro é comovente), além de passagens muito bem humoradas sobre o cotidiano de cada uma delas.
Em sua primeira experiência como diretora, Leandra Leal — que assina o roteiro em parceria com Carol Benjamin, Lucas Paraizo e Natara Ney — realiza um filme despretensioso, mas que resgata a carreira de artistas transformistas que não só foram pioneiras como trouxeram graça, brilho e glamour para os shows das casas de espetáculos, além de terem rompido tabus e desafiado a moral da época. Como aperitivo, assistam ao trailer do documentário:
Fotos: divulgação
8 Comentários
Gabriel Alencar Costa
julho 3, 2017 @ 16:03
Novo teste
Maurício Mellone
julho 3, 2017 @ 16:04
teste 4
Imad Nasser
junho 29, 2017 @ 14:31
Maurício,
parabéns pela nova configuração do seu ótimo blog.
Assisti ao divinas e fiquei bem impressionado pelo trabalho da Leandra Leal, apesar de ser a primeira experiência dela na direção, e pela bela e corajosa trajetória das atrizes!
Obrigado pela resenha.
Maurício Mellone
junho 29, 2017 @ 14:42
Imad,
Obrigado pelos elogios ao Favo.
Sobre ‘Divinas Divas’, o Contardo Calligaris
na coluna da Folha de hoje comenta sobre
o filme e também diz isto sobre o talento
da Leandra como diretora no primeiro longa!
Bjs, volte sempre, adoro contar com os amigos aqui
Imad Nasser
junho 29, 2017 @ 14:46
Pois é! Também li há pouco o artigo dele!
Maurício Mellone
junho 29, 2017 @ 17:41
Imad,
bem esclarecedora a crônica do Calligaris, mesmo!
bjs
Marlon de Albuquerque
junho 28, 2017 @ 03:29
Adorei a nova cara do favo,ele continua em anexo no meu blog.
Obrigado pelo carinho e pela amizade!
Maurício Mellone
junho 28, 2017 @ 11:02
Marlon,
q ótimo q vc gostou da nova
cara do Favo!
Obrigado por me indicar no seu blog
bjs