De em novembro 23, 2011
Luciana Mello reaparece em seu mais recente CD, 6º Solo, com um repertório eclético e uma produção cuidadosa, que ela dividiu com Otávio de Moraes. Tenho a grata satisfação de contar mais uma vez com a participação do professor, cantor e amante da black music Luiz Líbano, que se debruçou sobre esse novo trabalho da Luciana e traz aqui suas impressões. Acompanhe e deixe seu comentário abaixo.
A descolada Luciana
“É menina, é mulher/
Ela é/
Vai na boa, vai na fé/
se misturar’
Os versos acima, da canção Descolada (Chico César/Marcio Arantes), descrevem bem o espírito do mais recente CD de Luciana Mello, intitulado 6º Solo. Sexto por razões óbvias, entretanto “solo” apenas soa como mera força de expressão, pois sozinha é que ela não vem, muito pelo contrário. Luciana está muito bem assessorada pela direção (que ela divide com Otávio de Moraes, o qual se encarrega também da esmerada produção musical), além de excelentes músicos: Pedro Cunha (teclado), Eric Budney (baixo), Daniel de Paula (bateria), Elder Costa (violões e guitarra) e Marcio Forte (percussão).
Desde a primeira canção de 6º Solo (Ape Music) , um afro-samba irresistivelmente dançante, Luciana Mello realmente veste a camisa de Descolada. Ela passeia por outros ritmos, como o da balada-pela-cura-emocional em Tchau (Jair Oliveira) ou o do ritmo afro, com raízes mais do que explícitas na convidativa Áfrico (Sergio Santos/Paulo C. Pinheiro).
Na 4å faixa, Recado, tem-se um elegante e oportuno tributo ao fabuloso (e sempre atual) Gonzaguinha, num arranjo de sofisticação e delicadeza admiráveis. Há ainda outras preciosidades, mas vale um destaque para Couleur Café (Serge Gainsbourg) com participação do alemão-franco-canadense Corneille. Tal canção nos remete às duas fantásticas irmãs franco-camaronesas, que compõem a dupla Les Nubians, pois expressa o que se pode chamar de tempero filosófico sinestésico, já que ao mesmo tempo nos faz saborear/refletir a partir de uma sonoridade/filosofante, também nos faz sacolejar/desanuviar.
Luciana Mello neste novo trabalho surpreende o ouvinte e prova ser uma cantora madura (apesar da pouca idade) e intérprete com personalidade, já que sai de um característico samba djavaniano Deixa o Sol Sair e nos entorpece com o chiquérrimo jazz Se For pra Mentir (Arnaldo Antunes/ Cézar Mendes).
Pra encerrar, retomo o que já se disse: a jovem cantora não brilha sozinha, fecha o álbum com composição do irmão Jair Oliveira, num dueto com o Jairzão (pai), que generosamente empresta o seu talento privilegiado ao sambão Mentira — o que nos faz retomar o ditado: tal pai, tal filha!
6º Solo é, sem dúvida, um belo e harmonioso casamento da voz madura e experiente com a voz doçura efervescente, coisa de quem canta, encanta, sente não mente.
Luiz Líbano
8 Comentários
Rose Jordão
dezembro 5, 2011 @ 22:55
Maurício, parabéns por publicar textos tão interessantes, que saem da mesmice.
Luiz Líbano é um resenhista de mão cheia. Sensível e entusiasta.
bjs
Rose Jordão
Maurício Mellone
dezembro 6, 2011 @ 14:57
Rose:
obrigado pelos elogios. Volte sempre, prometo dicas culturais da programação na cidade.
abr
vanice
novembro 29, 2011 @ 17:01
A análise objetiva e cheia de informações e alertas interessantes me fez interessar pelo trabalho da Luciana Mello, que pouco conhecia. Tomara que o Luiz Líbano esteja sempre presente por aqui.
Maurício Mellone
novembro 29, 2011 @ 17:09
Vanice:
Também não possuo o novo álbum da Luciana, mas ouvi algumas canções no rádio.
O Luiz fez uma ótima análise do trabalho dela, tanto q está provocando os comentários dos leitores.
Sempre que for possível, ele estará por aqui. Venha vc tb sempre me visitar, prometo dicas culturais
quentinhas!
abrs
Rico
novembro 27, 2011 @ 22:57
Opa, gosto dela. Não ouvi nada do cd ainda mas vou atrás! Pelo que vc fala aqui parece muito bom! Bjo
Maurício Mellone
novembro 28, 2011 @ 14:58
Rico:
Dentro da política q adotei aqui no blog (e vc já participou, espero nova interferência!),
amigos também escrevem; dessa vez o Luiz Líbano
fez a resenha sobre o novo CD da Luciana. Bem interessante a visão dele sobre
esse novo trabalho (ouvi algumas músicas no rádio e gostei)
bjs
Luiz Carlos Líbano
novembro 24, 2011 @ 01:22
Valeu, Maurício! Muito obrigado pelo ‘colo’ na publicação deste 6º solo.
Espero que os frequentadores do seu blog apreciem as sugestões que tenho dado.
Embalemo-nos, então, pela black music nacional que não está fraca não!
Maurício Mellone
novembro 24, 2011 @ 14:27
Luiz:
Também espero pela manifestação dos
leitores! Tomara q venha logo! rsrs
Obrigado pela sua valiosa contribuição!
bjs